Artigo de Saul Leblon, "Quem vai Mover as Turbinas do Brasil?", comenta a proposta de Edmar Bacha, economista conselheiro do candidato do PSDB à Presidência da República, para resolver no médio e longo prazo o problema da desindustrialização da economia brasileira.
O artigo indica de modo didático o ponto crucial que hoje divide a esquerda e a direita brasileiras nas decisões sobre política econômica. Eu resumiria a divergência estratégica da seguinte maneira: fortalecer a economia brasileira a partir "de fora" ou a partir "de dentro". De fora, segundo a direita liberal, com a abertura da economia brasileira para o mercado externo, com desvalorização do câmbio e arrocho salarial para diminuir os custos de produção. De dentro, segundo a esquerda desenvolvimentista, com o uso das ferramentas do Estado para incentivar o aumento de produtividade e competitividade da indústria nacional, com isenções tributárias, financiamentos à produção e à compra que privilegiem produtos com conteúdo nacional.
Leblon claramente prefere a opção pela esquerda. Argumenta que o diagnóstico direitista aposta na quimera liberal dos benefícios do livre mercado, mas essa solução possui graves efeitos colaterais geralmente escamoteados como, por exemplo, aumento das desigualdades sociais e a perda de conteúdo nacional na produção industrial.
Blog dedicado a recolher análises, dados, interpretações do passado e previsões sobre o futuro do nosso país. Blog voué à la réunion des analyses, des données, des interpretations sur le passé et des prévisions sur le futur du Brésil. Blog dedicated to collect analyzes, data, interpretations of the past and predictions about the future of Brazil.
quinta-feira, 20 de março de 2014
quarta-feira, 5 de março de 2014
1964 e 2014: as semelhanças que não são meras coincidências
Excelente análise de Luis Nassif sobre o jogo de poder em ambiente de democracia burguesa. Duas premissas fundamentam sua reflexão: por um lado, regimes políticos desse tipo tendem a fomentar processos de inclusão social cada vez mais amplos, pois enquanto a maioria dos votos pertence aos excluídos sociais, o personagem político (uma pessoa específica ou aliança partidária) que melhor souber exprimir os anseios dessa maioria tende a sair vitorioso da eleição e tentará atender de algum modo as expectativas que angariou. Por outro lado, esse movimento de inclusão social tende a gerar insegurança naquela parcela já socialmente estabelecida. Nassif dividi-a entre aqueles que temem perder status (classe média, profissionais liberais, burocratas) e aqueles que temem perder poder (alta gerência da burocracia, empresários influentes, grandes grupos de mídia). Naturalmente, essa parcela insegura está mais sujeita à propaganda do medo, do caos, da instabilidade política, constantemente explorada pela grande mídia.
O resultado de tudo isso é uma espiral de tensão social cujo desfecho dependerá da maneira como o governo reage à pressão dos protestos e de quem consegue vencer a guerra de opinião. Informar e persuadir em larga escala tornam-se assim as principais habilidades exigidas do governo e da oposição.
O resultado de tudo isso é uma espiral de tensão social cujo desfecho dependerá da maneira como o governo reage à pressão dos protestos e de quem consegue vencer a guerra de opinião. Informar e persuadir em larga escala tornam-se assim as principais habilidades exigidas do governo e da oposição.
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