O único débil consolo da notícia é a menção a um pequeno atraso estatístico dos dados, devido à maneira como o ranking é construído.
Em todo caso, as mudanças recentes no sistema educacional brasileiro estão longe de serem vigorosas e certamente não farão o Brasil avançar muitas casas na próxima divulgação desse ranking.
A reportagem comenta ainda as condições que conferem à Finlândia e à Coréia do Sul os primeiros lugares. Por um lado, um clara valorização profissional do professor - pagamento de bons salários, prestígio social e valorização da competência -; por outro lado, culturas nacionais nas quais a educação é vista como um dos principais valores sociais.
Brasil figura em penúltimo em ranking de qualidade de ensino
Enviado por luisnassif, sex, 03/05/2013 - 21:46
Por Nilson Damole
Atualizado em 27 de novembro, 2012 - 09:52 (Brasília) 11:52 GMT
O Brasil ficou em penúltimo lugar em um ranking
global de educação que comparou 40 países levando em conta notas de
testes e qualidade de professores, dentre outros fatores.
A pesquisa foi encomendada à consultoria britânica Economist
Intelligence Unit (EIU), pela Pearson, empresa que fabrica sistemas de
aprendizado e vende seus produtos a vários países.Em primeiro lugar está a Finlândia, seguida da Coreia do Sul e de Hong Kong.
Os 40 países foram divididos em cinco grandes grupos de acordo com os resultados. Ao lado do Brasil, mais seis nações foram incluídas na lista dos piores sistemas de educação do mundo: Turquia, Argentina, Colômbia, Tailândia, México e Indonésia, país do sudeste asiático que figura na última posição.
Os resultados foram compilados a partir de notas de testes efetuados por estudantes desses países entre 2006 e 2010. Além disso, critérios como a quantidade de alunos que ingressam na universidade também foram empregados.
Ranking Pearson-EIU
- Finlândia
- Coreia do Sul
- Hong Kong
- Japão
- Cingapura
- Grã-Bretanha
- Holanda
- Nova Zelândia
- Suíça
- Canadá
- Irlanda
- Dinamarca
- Austrália
- Polônia
- Alemanha
- Bélgica
- Estados Unidos
- Hungria
- Eslováquia
- Rússia
- Suécia
- República Tcheca
- Áustria
- Itália
- França
- Noruega
- Portugal
- Espanha
- Israel
- Bulgária
- Grécia
- Romênia
- Chile
- Turquia
- Argentina
- Colômbia
- Tailândia
- México
- Brasil
- Indonésia
Ele diz que no passado muitos países temiam os rankings internacionais de comparação e que alguns líderes se preocupavam mais com o impacto negativo das pesquisas na mídia, deixando de lado a oportunidade de introduzir novas políticas a partir dos resultados.
Dez anos atrás, no entanto, quando pesquisas do tipo começaram a ser divulgadas sistematicamente, esta cultura mudou, avalia Barber.
"A Alemanha, por exemplo, se viu muito mais abaixo nos primeiros rankings Pisa [sistema de avaliação europeu] do que esperava. O resultado foi um profundo debate nacional sobre o sistema educacional, sérias análises das falhas e aí políticas novas em resposta aos desafios que foram identificados. Uma década depois, o progresso da Alemanha rumo ao topo dos rankings é visível para todos".
No ranking da EIU-Person, por exemplo, os alemães figuram em 15º lugar. Em comparação, a Grã-Bretanha fica em 6º, seguida da Holanda, Nova Zelândia, Suíça, Canadá, Irlanda, Dinamarca, Austrália e Polônia.
Cultura e impactos econômicos
Tidas como "super potências" da educação, a Finlândia e a Coreia do Sul dominam o ranking, e na sequência figura uma lista de destaques asiáticos, como Hong Kong, Japão e Cingapura.Alemanha, Estados Unidos e França estão em grupo intermediário, e Brasil, México e Indonésia integram os mais baixos.
O ranking é baseado em testes efetuados em áreas como matemática, ciências e habilidades linguísticas a cada três ou quatro anos, e por isso apresentam um cenário com um atraso estatístico frente à realidade atual.
Mas o objetivo é fornecer uma visão multidimensional do desempenho escolar nessas nações, e criar um banco de dados que a Pearson chama de "Curva do Aprendizado".
Ao analisar os sistemas educacionais bem-sucedidos, o estudo concluiu que investimentos são importantes, mas não tanto quanto manter uma verdadeira "cultura" nacional de aprendizado, que valoriza professores, escolas e a educação como um todo.
Daí o alto desempenho das nações asiáticas no ranking.
Nesses países o estudo tem um distinto grau de importância na sociedade e as expectativas que os pais têm dos filhos são muito altas.
Comparando a Finlândia e a Coreia do Sul, por exemplo, vê-se enormes diferenças entre os dois países, mas um "valor moral" concedido à educação muito parecido.
O relatório destaca ainda a importância de empregar professores de alta qualidade, a necessidade de encontrar maneiras de recrutá-los e o pagamento de bons salários.
Há ainda menções às consequências econômicas diretas dos sistemas educacionais de alto e baixo desempenho, sobretudo em uma economia globalizada baseada em habilidades profissionais.
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