sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A economia em 2014, segundo Nassif

Mais uma equilibrado e bem fundamentado prognóstico de Luis Nassif sobre a economia brasileira. Algumas perguntas ficam no ar: as agências de classificação de risco rebaixarão a nota do Brasil? As prováveis manifestações do próximo ano terão impacto no desempenho econômico do Brasil? O terrorismo informacional, que certamente vai aumentar com as proximidades das eleições, vai contribuir para desestimular os investimentos produtivos no Brasil?


Perspectivas tranquilas para 2014

Na entrevista de fim de ano para a imprensa, o presidente do banco Central Alexandre Tombini considerou como positivo o processo de transição na economia global, em relação ao fim dos estímulos monetários do FED (o BC norte-americano). Chamou de “volatilidade do bem”.
Tem razão.
Primeiro, porque o final dos estímulos monetários se dará quando houver convicção da recuperação da economia norte-americana. Com a economia chinesa também se recuperando, significará que as duas principais economias do mundo poderão puxar o crescimento global.
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O segundo ponto relevante é a desmistificação do cataclisma anunciado, quando o FED tirar os estímulos.
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No mercado, ninguém morre de véspera. É quase impossível a crônica de mortes anunciadas com muita antecedência, simplesmente porque, antes do evento, o mercado começa a se ajustar por si.
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Um dos efeitos do final dos estímulos será a volta do fluxo de capitais para os títulos do Tesouro norte-americano. Esses fundos venderão sua posição em moeda estrangeira e comprarão dólares para investir em títulos do Tesouro norte-americano. Quando isso ocorrer, haverá uma valorização do dólar e uma desvalorização das demais moedas.
Suponha o seguinte exemplo:
  1. O fundo A aplicou US$ 100 milhões no país, com o dólar valendo R$ 2,00 reais, ou R$ 200 milhões. Ganhou 20% no período, ficando com R$ 240 milhões.
  2. Se sair enquanto o dólar estiver em R$ 2,30, resgatará US$ 104,3 milhões. Se o dólar for a R$ 2,50, resgatará apenas US$ 96 milhões.
Por conta dessa imprevisibilidade, parte dos fundos começa a sair mais cedo, de tal maneira que, no dia em que houver a retirada dos estímulos, grande parte dos recursos voláteis já estará fora dos emergentes.
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O mesmo ocorre com a curva de juros dos títulos públicos brasileiros. Com a saída dos dólares e os boatos de rebaixamento nas avaliações do Brasil pelas agências de risco, já houve um descolamento prévio nas taxas dos títulos públicos.
É uma velha regra de mercado, segundo a qual especula-se no boato e realiza-se no fato.
Se não haverá a temida explosão, a economia terá que conviver com uma depreciação maior do real, que terá algum impacto nos índices de preços.
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O cenário de 2014 está relativamente dado.
A economia continuará em um ritmo baixo de crescimento, mas estimulada pelo destravamento dos leilões de concessão e pela aceleração final das obras da Copa. O dólar permanecerá pressionado, com o BC evitando valorizações mais expressivas.
Mesmo com a revoada de investimentos para os EUA, o Brasil continuará apresentando taxas de juros reais compensatórias.
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Esses períodos de trégua poderiam ser melhor aproveitados para uma discussão mais aprofundada sobre o Brasil a partir de 2015.
Em muitas áreas, haverá o amadurecimento de experiências. Na área de logística, por exemplo, espera-se que os investimentos já estejam a pleno vapor, com a consolidação da EPL (Empresa de Planejamento em Logística),
Mas está na hora de destravar questões estruturais, como reforma política, a colcha de retalhos fiscal e a barafunda burocrática que ainda emperra o ambiente de negócios.
É o que falta para completar o enorme salto representado pelo amadurecimento das políticas sociais.

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