segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Alianças de curto e de longo prazo

Texto do Mauro Santayana sobre o que, segundo ele, deveria nortear a política externa brasileira. A história das nações criaram circunstâncias que as impelem a certas alianças em detrimento de outras. Para Santayana, a posição geopolítica da França a conduz a estreitar os laços com a União Européia e com o EUA, enquanto ao Brasil seria sempre mais vantajoso no longo prazo aproximar-se de outros países "periféricos" (por enquanto): Índia, África do Sul, Angola, China. Essas tendências ou afinidades eletivas não impediriam acordos circunstanciais específicos, sempre que objetivos comuns aparecerem. Eis o pragmatismo das relações diplomáticas, que nada mais é do que a arte de saber jogar sempre em benefício próprio e, sempre que possível, em benefício dos outros países.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A economia em 2014, segundo Nassif

Mais uma equilibrado e bem fundamentado prognóstico de Luis Nassif sobre a economia brasileira. Algumas perguntas ficam no ar: as agências de classificação de risco rebaixarão a nota do Brasil? As prováveis manifestações do próximo ano terão impacto no desempenho econômico do Brasil? O terrorismo informacional, que certamente vai aumentar com as proximidades das eleições, vai contribuir para desestimular os investimentos produtivos no Brasil?

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A opinião de Dalmo Dallari sobre o "julgamento do mensalão"

Cristalina exposição do renomado jurista Dalmo Dallari sobre as inconstitucionalidades cometidas pela corte responsável por resguardar a Constituição brasileira.
http://youtu.be/Pwl4HaFJrDg

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Quem produz o que comemos?

Impressionante relato de Pedro Stedile, líder do MST e da Via Campesina, sobre o oligopólio transnacional que se formou ao longo do século XX e hoje teria baseado a produção da maior parte dos alimentos em seis ou sete tipos de grãos (soja, feijão, sorgo, arroz, ...). Sua conclusão: o capitalismo teria empobrecido perigosamente a dieta de praticamente todas as sociedades até agora introduzidas no processo de globalização econômica. Apesar do relato tenebroso de Stedile no Vaticano, ele se diz otimista e crê que ainda verá acontecer uma reforma agrária popular em escala mundial.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A velha armadilha da taxa básica de juros

Texto do Nassif bastante esclarecedor sobre a armadilha ideológica e econômica montada pelos agentes do mercado financeiro internacional para submeter os governos nacionais como o brasileiro aos seus interesses. Trata-se de um jogo pesado, de gente grande, muito difícil de compreender e de vencer. Um jogo decisivo para o futuro do país.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Bolsa-família X bolsa-banqueiro: como gastar o dinheiro público?

Reproduzo aqui gráficos que ilustram os gastos do governo brasileiro com o conjunto de despesas reunidas sob o título de benefícios sociais. Os gráficos comparam os perfis desses gastos nos governos FHC, Lula e Dilma. Como esses gastos são geralmente as primeiras "vítimas" dos cortes necessários (mesmo?) para produzir superávit primário e poder, com a sobra gerada, pagar os sagrados juros devidos aos credores (banqueiros), vale a pena reter bem na memória o quanto do total de riquezas produzidas pelo país (PIB) é destinado aos benefícios sociais. Detalhe importante lembrado pelo autor do artigo anexo: a parte mais significativa dos gastos sociais está associada ao valor do salário mínimo. Como os governos Lula e Dilma promovem desde o início uma franca política de valorização do salário mínimo, os gastos públicos com benefícios sociais aumentaram significativamente, diminuindo a margem para a produção de superávit primário. Conclusão: não há como defender aumento do superávit primário sem defender uma diminuição dos gastos com benefícios sociais. A pergunta é: por que realizar superávits primários mais altos? No que isso seria benéfico para a economia brasileira? Em que sentido isso seria benéfico para a economia e ao mesmo tempo benéfico para a maioria dos trabalhadores formais e informais brasileiros?

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A síntese do IBGE (2002-2012)

O IBGE divulgou hoje (clique aqui) uma síntese da evolução de diversos indicadores sociais ao longo da última década. Dados imprescindíveis para a interpretação do que é o Brasil hoje e do rumo que ele está seguindo. Imprescindível, portanto, para se fazer uma escolha bem fundamentada dos canditados na próxima eleição ano que vem.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Direitos Urbanos no Recife

Deixo aqui o link para um blog bem diagramado e muito instrutivo, feito por um grupo de moradores do Recife engajados na luta de melhorar as condições de vida na cidade. A expressão direitos urbanos é bastante feliz e ganha uma conotação bastante dramática quando seu sentido é confrontado com a situação de ocupação desordenada e predatória do território da cidade. Lá as empreiteiras e construtoras ditam as regras e praticamente subordinam o poder público aos seus interesses de lucro. O problema é que isso muitas vezes acontece às custas da qualidade de vida dos moradores do Recife.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Para acompanhar os avanços no IDH das cidades brasileiras

Excelente site para acompanhar de modo detalhado a evolução dos indicadores que compõem o IDH, sendo possível selecioná-los inclusive por município (clique aqui).
Outra fonte preciosa de informações é o sítio do professor Ladislau Dowbor (clique aqui), economista polonês, radicado no Brasil, autor de vários estudos sobre o desenvolvimento sócio-econômico brasileiro e consultor de importantes instituições internacionais.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

"O Longo Amanhecer", cinebiografia de Celso Furtado

Grande pensador-economista brasileiro, autor da Formação Econômica do Brasil, Celo Furtado. Filme que vale a pena ver quando houver uma hora disponível. Permite compreender as origens do chamado "desenvolvimentismo" no Brasil e na América Latina.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Jango - Como, Quando e Por que se Derruba um Presidente?


Por que Jango foi deposto pelos militares?

O texto abaixo é bastante esclarecedor das circunstâncias sociais que propiciaram o golpe militar de 1964. A liderança errática de Jango, o antagonismo explosivo interno à base aliada ao governo, os sérios problemas da economia brasileira na época, o fantasma do comunismo. A tese do historiador consultado por Luis Nassif é que o golpe militar ocorreu para evitar a bastante provável eleição de Juscelino Kubitschek no pleito esperado para 1965. Valerá a pena contrastar essa tese com os textos de Olavo de Carvalho sobre esse período.

A reforma tributária impõe limites ao crescimento e à distribuição de renda

Replico abaixo texto originalmente publicado na Carta Maior, de autoria de Amir Khair, sobre a maneira como a injusta carga tributária brasileira constitui-se num entrave para a distribuição de renda e o crescimento econômico do Brasil. Porém, não compreendendo bem a tese econômica de que se deve estimular a poupança e não o consumo como modo de transformar o dinheiro em investimento produtivo. A ideia de que a economia no consumo pode se traduzir em investimento parece intuitiva, mas ela faz sentido apenas para quem dispõe das duas opções. Não vejo como o fato de um assalariado abster-se de consumir pode servir para estimular o investimento produtivo.

sábado, 16 de novembro de 2013

Dirceu e Genuíno presos na Papuda

Bela análise de Luis Nassif sobre o significado do episódio mensalão, que hoje teve o primeiro desfecho vistoso para a mídia com a chegada de José Dirceu e José Genuíno ao presídio da Papuda, aqui em Brasília. Esse caso encerra muitas lições ainda a serem extraídas sobre a história do Brasil. Ele mostra, por exemplo, como a luta pelo poder exige coragem, obstinação e inteligência. E como ela pode ser fatalmente traiçoeira mesmo com os melhores lutadores. (Hoje no supermercado pude ver a nova capa da Veja. Não anunciava uma reportagem, mas o imenso regozijo mórbido de uma vingança)

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Descrescimento: o nascimento de uma nova perspectiva na economia política?

Artigo abaixo fornece informações sobre os conceitos e teses da perspectiva do decrescimento (la decroissance). Conferir sobretudo as referências bibliográficas apresentadas pelo autor.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Os black-blocs e a Copa 2014

Entrevista com pesquisadora que se aproximou de participantes da tática black-bloc em São Paulo. Reproduzo aqui a transcrição divulgada no blog Conversa Afiada. Eis um texto ao qual valerá a pena retornar em junho de 2014.

A crítica de Nassif aos diagnósticos recentes sobre a economia brasileira

Após abrir espaço em seu blog para que economistas do PT e do PSDB escrevessem sobre a situação da economia brasileira e sobre a política adotada pelo governo Dilma, Luis Nassif resume a controvérsia entre os dois lados com uma crítica contundente: o diagnóstico no qual ambos se baseiam é uma explicação completamente sem sentido sobre a baixa taxa de crescimento da indústria. Para Nassif, se o aumento da demanda (aumento do poder de compra dos brasileiros) nos últimos 10 anos não foi acompanhado pelo crescimento da indústria, isso não aconteceu porque os empresários brasileiros tem aversão anormal ao risco. Simplesmente o custo da produção no Brasil não consegue ser competitivo com os produtos importados e, com isso, o aumento da demanda foi absorvido pela importação de bens - sobretudo da China. A situação se agrava atualmente por causa do terrorismo econômico praticado pelos porta-vozes do mercado com a ajuda da falta de jeito do ministro da Fazenda para ocupar o debate público e controlar as expectativas.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Dívida pública brasileira: a líquida e a bruta

No texto que reproduzo abaixo, publicado pela revista Carta Capital, o jornalista André Barrocal explica de modo bastante didático a distinção entre dívida pública bruta e dívida pública líquida. A distinção é importante para se entender um fenômeno recente e curioso que acontece com as contas do Tesouro Nacional, fenômeno que, aliás, ensejará pressão dos porta-vozes do mercado financeiro por mais aumentos nos juros.

O passado ferroviário brasileiro

Texto em inglês com informações sobre a malha ferroviária brasileira até o início do século XX. Há inclusive um mapa com os principais trechos existentes então. Brasília nem existia ainda. Vê-se o caminho de ferro que atravessa o Pantanal e a mais desenvolvida malha ferroviária no sudeste do país.

sábado, 2 de novembro de 2013

A economia brasileira segundo o PSDB

E agora o texto do PSDB.

A economia brasileira segundo o PT

Reproduzo aqui dois textos originalmente publicados no blog do Nassif sobre a economia brasileira. O primeiro vem neste post e apresenta a avaliação de economista vinculado ao PT sobre a economia brasileira. O segundo virá no post seguinte e foi escrito por economista vinculado ao PSDB. Será útil analisar e sopesar os argumentos de ambos.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Meritocracia: o ideal regulativo da classe média brasileira

No texto reproduzido abaixo, Renato Souza vai na veia do ethos da classe média brasileira. Segundo ele, trata-se da ideia de meritocracia. Ela seria o fundamento explicativo das críticas mais difundidas ao Bolsa Família, às cotas para universidade, ao programa Mais Médicos. O autor faz uma bela defesa da sua hipótese ao mostrar como ela explica de modo unificado todos esses fenômenos sociais protagonizados pela classe média brasileira. E faz mais: aponta diversas razões pelas quais a ideia de mérito fundaria uma organização social perversa.
Atentar, porém, para a polissemia da palavra mérito. O autor enxerga a alegada objetividade dos critérios como estratégia ideológica para esconder a realidade das relações de poder. Pode-se, por outro lado, identificar a objetividade com o reconhecimento público de uma regra. Nesse sentido, a objetividade ou publicidade dos critérios seria condição para a crítica das relações de poder e interesses subjacentes.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Nassif e o enigma do desenvolvimento econômico brasileiro

Excelente texto do Luis Nassif com breve relato histórico sobre o dilema da desvalorização cambial X desenvolvimento econômico. Quando, ao final do texto, ele se pergunta: por que, com tantas condições favoráveis, o Brasil não consegue dinamizar a sua economia? A resposta que me ocorre primeiro é: falta crônica de um sistema educativo eficiente e abrangente.


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A triste condição dos professores no Brasil

Baixo prestígio social, baixos salários, qualificação profissional precária, condições de trabalho sofríveis. Gerações e gerações de brasileiros jogados na mais triste condição de indigência cognitiva.
Para uma pálida tradução numérica dessa situação, ler o 2013 Global Teacher Status Index, publicado pela ONU.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Hora de pensar o novo tempo para o Brasil

A aliança surpreendente entre Marina e Eduardo Campos ainda é muito recente para permitir qualquer previsão sobre as próximas eleições. Feita essa ressalva, resta uma aposta esperançosa: a de que o tema dominante nos debates da próxima eleição não será mais o passado, as heranças benditas ou malditas do PSDB ou do PT, mas sim o futuro, o que será o Brasil daqui a dez, vinte anos. Isso é o que esperam alguns analistas do cenário político.
Pois se a polarização PT x PSDB enclausurou até hoje ambos os lados da disputa em um debate sobre suas respectivas heranças, a chapa Campos-Marina talvez tome o lugar do PSDB como protagonista da oposição e estimule assim a discussão sobre o que fazer nos próximos anos para além de garantir a estabilidade econômica e promover uma melhor distribuição de renda. Isso dependerá do discurso a ser montado por Marina e Eduardo. Os primeiros traços desse discurso deverão aparecer nas próximas semanas, através de declarações esparsas dos novos atores. Em breve saberemos se a entrada deles na disputa irá enriquecer ou manter empobrecido o debate sobre o futuro do Brasil.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O mensalão explicado

Vídeo (clique aqui) bastante didático sobre o julgamento do mensalão. Dá até para fazer, a partir dele, um esquema gráfico que ajude a esclarecer o imbróglio. Estou trabalhando nisso. Em breve o coloco aqui.


terça-feira, 1 de outubro de 2013

PIB brasileiro em 2012: o bolo cresceu pouquinho, mas as fatias foram maiores

Curioso fenômeno, praticamente o avesso da tese de que é preciso fazer primeiro o bolo crescer para depois distribuí-lo. 2012, ano do "pibinho" de 0,9% de crescimento em relação ao do ano anterior foi também o ano em que a renda média dos trabalhadores cresceu 8%!
Como algo assim é possível? O que explica esse fenômeno? Segundo Marcelo Neri, economista presidente do IPEA, o aumento expressivo da renda média no ano passado é um indício de uma mudança qualitativa no mercado de trabalho. Se, por um lado, o conjunto das riquezas produzidas no país não aumentou quase nada, mas, por outro, os trabalhadores, em média, ganharam quase 10% a mais, então não foi a quantidade de postos de trabalho que cresceu, embora algum fator tenha impelido os empregadores a dispender bem mais com seus empregados. Para Neri, esse fator foi a expansão do trabalho formal. Clique aqui e pule para o texto no qual encontrei essas informações.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O nó tributário brasileiro

Artigo "O Nó Tributário: Porque não se Aprova uma Reforma Tributária no Brasil", aliás muito bem escrito, pelo cientista político Murilo de Oliveira Junqueira, no qual ele argumenta que a causa da dificuldade em se realizar uma ampla reforma tributária no Brasil reside na estratégia geralmente adotada pelo próprio poder executivo federal. A conclusão é que a saída mais viável para se conseguir uma reforma tributária minimamente satisfatória é fatiar o desafio geral em várias "batalhas" temáticas, de modo a reduzir a sobreposição de conflitos de interesse.

Infraestrutura de Dados Espaciais (INDE)

Acabo de conhecer uma ferramenta produzida pelo Governo Federal que permite obter diversas informações sobre o Brasil atual a partir de dados projetados sobre um mapa. Vale a pena consultá-la. Chama-se INDE. O governo espera que ela seja útil aos demais entes federados na produção dos PPA's municipais e estaduais.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A guerra da informação em tempos de crise diplomática Brasil-EUA

Replico abaixo texto do Blog O Cafezinho no qual se explicam as motivações econômicas por trás da manchete catastrofista da revista britânica The Economist.
Como se já não bastasse o terrorismo diuturno da mídia nativa, agora parece que vai aumentar a pressão da mídia estrangeira também.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Brasil: precisa-se de pensadores estratégicos.

No artigo abaixo, Nassif reclama da falta de centros de pesquisa responsáveis por pensar estrategicamente o futuro do país. Todas as iniciativas mais recentes nesse sentido sofreram pela falta de continuidade e de entrosamento com as instâncias executoras dos projetos.
As iniciativas do MCTI para estimular a cooperação entre instituições de pesquisa e empresas deveriam também contemplar a necessidade de planejamento estratégico para o país. Aparentemente, isso ainda não se tornou prioridade dentro do governo.

A diplomacia como projeção dos interesses econômicos e militares da nação

Volto à ativa neste blog, motivado pelo texto do Fernando Brito, do blog Tijolaço, que reproduzo abaixo. Com base numa tabela que compara os destinos das exportações brasileiras em 2002 e 2012, Brito mostra porque confia que o futuro do Brasil pode ser bem mais importante para o concerto das nações do que o medíocre papel de imitação mal réussi dos EUA. Destaque para a bela imagem usada por Brito para ilustrar o seu artigo no blog (clique aqui).

quarta-feira, 24 de julho de 2013

As ações em ciência e tecnologia anunciadas pelo MCTI

Não que eu creia cegamente em anúncios de ações do governo por ministros em grandes eventos. Até porque nesses assuntos de governo, entre o anúncio e a realização efetiva das ações costuma haver grandes atrasos e mudanças de plano. De qualquer forma, o mínimo que nossos meios de comunicação deveriam fazer era nos informar sobre essas ações. Pelo menos ficaria mais fácil para a sociedade acompanhá-las. Mas como eles não fazem, registro eu aqui o que me parece relevante, para poder me lembrar depois do que se prometeu.



segunda-feira, 22 de julho de 2013

Luis Nassif sobre o "jornalismo fastfood"

"Jornalismo fastfood". Ótima expressão do Nassif. Lembro do tempo em que decidi prestar vestibular para jornalismo, sob o pretexto de que era a alternativa mais recompensadora financeiramente e mais valorizada socialmente, diante das outras opções que eu vislumbrava: Letras ou Filosofia.
Como eu era estúpido!! (mas será que deixei de ser?)
Eram tempos de longas greves nas universidades públicas, escassez de recursos, professores cansados, fora FHC, fora FMI. No ano em que entrei no curso, 1998, devo ter tido no máximo três meses de aula.
Rapidamente descobriria que a profissão de jornalista era, entre aquelas exercidas por pessoas com ensino superior, uma das mais precarizadas. Salários baixos, excesso de horas extras não remuneradas, extrema instabilidade no emprego. Poucos dias atrás, ao ler reportagem sobre as condições de trabalho dos jornalistas brasileiros, vi que o quadro geral hoje é ainda pior.
Obviamente há as exceções - e o que engana na imagem social do jornalista é que tais exceções são os exemplos mais visíveis da profissão. Âncoras e apresentadores de TV, colunistas, comentaristas e repórteres investigativos famosos formam a parte mais vistosa de um minúsculo grupo de profissionais que gozam de um bom salário e de uma certa autoridade que lhes abre portas. No entanto, desconfio que mesmo estes pagam um preço bem caro pela função que exercem.
Paulo Henrique Amorim atribui a Delfim Neto a frase que jornalista de economia não é nem uma coisa nem outra. Temo que a observação se aplique facilmente também a outros assuntos comuns no jornalismo como política e cultura. Por que isso acontece?
Creio que o problema não está no contingente de milhares de jovens que todo ano ingressa em cursos de jornalismos espalhados pelo Brasil. Boa parte desses jovens é oriunda de famílias de classe média e me permito presumir que tiveram acesso a educação básica de boa qualidade (ao menos para os padrões brasileiros).
O problema, a meu ver, está na própria ideia de um curso superior de jornalismo. Pois aquilo que só a prática efetiva do jornalismo pode ensinar dificilmente é reprodutível no ambiente da universidade ou faculdade. Por outro lado, uma formação teórica consistente em uma disciplina ou campo do saber, algo que exigiria vários anos de dedicação quase exclusiva, é substituída por um ecletismo de disciplinas introdutórias às mais variadas áreas e que deve caber em quatro anos de formação superior, em nome da meta de formar um(a) jornalista capaz de falar sobre praticamente qualquer assunto relevante. No final das contas, o que resta de saber específico na formação em jornalismo e que, além disso, encontra no ensino superior o ambiente adequado para ser ensinado constitui material para um curso de no máximo dois semestres de duração.
Consequência perniciosa desse estado de coisas: o exercício reiterado de sermos apresentados de maneira introdutória aos mais diversos assuntos para, logo em seguida, sermos instados a "noticiá-los" tende a nos fazer confundir clareza e objetividade do discurso com o apego a clichés e reducionismos simplificadores. Mais uma vez, há honrosas exceções, mas as pessoas que transcendem esse dilema da formação superior em jornalismo não o fazem por causa do curso, mas apesar dele.


domingo, 21 de julho de 2013

Startups e Spinoffs

Ariano Suassuna iria odiar esses nominhos em inglês e certamente sugeriria traduções espirituosas para eles. Por enquanto, na falta de de nomes melhores, fiquemos com esses inventados nos EUA. Afinal, importa mais a coisa que o nome que se dá a ela.
Ano passado fiz uma visita de trabalho à Universidade Federal de Santa Catarina e lá conheci algumas startups e spinoffs no setor de computação e redes. Na época, não conhecia esses termos, mas os coordenadores do instituto de pesquisa que abrigava essas empresas nascentes falavam com entusiasmo sobre suas crias. Vi muitos jovens bastante compenetrados em seus trabalhos e em um ambiente bem descontraído.
Parece que esses "bercários de empresas" estão começando a pipocar em todo o Brasil. Dentro em breve elas já não mais serão um dígito insignificante em nosso PIB.
Segue abaixo entrevista da Folha de São Paulo com professor da USP responsável por uma dessas incubadoras de empresas.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Como votaram os deputados?

Os autores do texto abaixo chamam a atenção para um fato curioso. Quase nunca se vê na mídia, especialmente na impressa e na televisiva, a informação de como votaram os partidos e os deputados diante de uma decisão de plenário a tomar sobre uma questão específica. De fato, por que será que isso ocorre? Falta de espaço? Bem, a quantidade de espaço reservado para uma informação depende da relevância dessa informação.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Dinamarca: o lugar mais feliz do mundo

Esse é o tipo de igualdade que me parece invejável em uma sociedade. Não a igualdade em que todos devem sustentar as mesmas opiniões sobre quaisquer assuntos, sendo reprimidos pelo Estado caso divirjam da opinião oficial. Tampouco uma igualdade econômica controlada autocraticamente pelo Estado. A Dinamarca, com o seu ideal regulativo de igualdade, aparece como o país mais feliz do mundo, apesar do severo clima frio e chuvoso. Detalhe: no documentário abaixo, até o gari é fluente em inglês!
Deixo de lado a discussão sobre a possibilidade de chegarmos um dia a algo semelhante no Brasil. Apenas me pergunto: SE isso fosse possível, não seria bom?


Brasil é 7o. lugar em ranking mundial de violência

Não que tenhamos melhorado. Os outros é que pioraram. Todos os 6 lugares à frente do nosso são ocupados por países da América Latina e Caribe. Coincidência?
O texto abaixo, publicado pela Agência Brasil, dá a notícia e aponta para alguns dos fatores que contribuem para esse índice tão alto de violência. Dos três destacados no texto, vale a pena mencionar dois. Primeiro, a quantidade de assassinatos cometidos cujas motivações foram banais. Indício de uma certa "cultura da violência" vigente na sociedade brasileira. O segundo fator digno de nota é a impunidade dos crimes. Apenas 4% dos assassinos foram presos.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Investimento em Ciência e Tecnologia: desafio inadiável

Talvez nunca saibamos quantas substâncias da biodiversidade vegetal da Amazônia já foram roubadas, sintetizadas em laboratórios do exterior e transformadas em princípios ativos de medicamentos que, em seguida, são vendidos no Brasil por preços exorbitantes; talvez nunca saibamos quantos jovens talentos científicos foram destruídos pelas más condições de vida e pelo nosso vergonhoso sistema educacional. Que reformas precisamos fazer para criar no Brasil um exército de cientistas criativos e motivados? Quanto dinheiro, onde e como precisamos investir para que isso aconteça o mais rápido possível?
Abaixo reproduzo texto sobre o assunto publicado no Estado de São Paulo.

A indústria naval brasileira

Notícias e bons augúrios sobre o ainda recente renascimento da indústria naval brasileira. É a Coluna Econômica escrita pelo Luis Nassif e que reproduzo abaixo.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Os paradoxos do "lulismo" por Antonio David

Texto longo, mas vale a pena. Antonio David, pós-graduando em Filosofia pela USP, fala da base eleitoral do Governo Lula, o subproletariado. Segundo ele, sem colocar esse estamento social e o seu perfil na equação, não há como entender os paradoxos e contradições do que o André Singer chamou de 'lulismo'.
O subproletariado seria a parcela da população que ganha até 2 salários mínimos. Trata-se de quase 50% da população brasileira. As pessoas desse perfil gostariam de ver mudanças e, na larga maioria, apoiaram as medidas do Governo que mais os afetaram diretamente. Porém, elas também possuem um forte traço conservador, que o 'lulismo' se esmera em não chocar, sob o risco de perder sua principal base eleitoral. A esquerda mais tradicional tende a não "enxergar" essa classe. Daí a sua dificuldade em compreender os paradoxos do governo petista. O autor propõe como estratégia para o projeto de poder do governo atual a aceleração do processo de inclusão do subproletariado na situação de proletariado.


Maria Inês Nassif: "Constituinte não era ideia tão absurda"

Bem fazejas palavras da Maria Inês Nassif no GGN nesse tempo de ressaca das manifestações.

Expondo meus dilemas

Preciso fazer algo para avançar na minha compreensão dos fenômenos políticos e econômicos atuais do país. Como?
Neste momento, vejo-me diante de vários dilemas que não consigo resolver, embora ao me confrontar com os lados opostos desses dilemas meus sentimentos não mostram nenhuma hesitação em escolher qual  apoiar. Porém, ao mesmo tempo, sinto-me inseguro de aderir plenamente a um dos lados, por não confiar nas razões que tenho para isso. Tampouco me vejo capaz de ultrapassar os dilemas em direção a uma posição própria original, também por limitações cognitivas. O que fazer então?
A primeira coisa é nomear os dilemas, expô-los com a máxima precisão que eu conseguir. Esse esforço provavelmente me ajudará a progredir. Aqui vai.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Os estragos que a pobreza causa ao futuro

Webdocumentário muito bem feito, produzido por jornalistas do Jornal do Commercio de Pernambuco, conta a história de um grupo de jovens que na adolescência conviveu em uma ONG situada em Caruaru. A vida e os projetos deles naquela época são contrastados com o que de fato aconteceu com a maioria daqueles meninos e meninos. Com exceção de dois deles apenas, nenhum sequer terminou o ensino fundamental. Todas as adolescentes viraram mães precocemente e interromperam os estudos. Hoje são jovens de menos de 25 anos, sem emprego e sem qualificação mínima para conseguir um. Já entre os meninos, a grande maioria envolveu-se com drogas, sobretudo o crack. A consequência: os que não morreram, estão presos ou continuam envolvidos com a prática de crimes e o consumo de drogas.
As histórias dessas pessoas vem acompanhadas por vários dados estatísticos sobre educação, expectativa de vida e renda no Brasil da última década. Vale a pena conferir: chama-se "Pelo menos um".

sábado, 6 de julho de 2013

A indústria naval brasileira renasce

A Petrobrás está utilizando seu enorme poder de compra para estimular setores industriais nacionais. A cadeia produtiva do petróleo extraído do fundo do mar precisa de navios, plataformas, equipamentos para a construção dessas coisas e uma infraestrutura de portos, estradas, hidrovias e ferrovias para comunicar com rapidez e baixo custo todos os elos da cadeia produtiva. O autor do texto abaixo, Marco Antonio L., apresenta informações auspiciosas sobre a indústria naval no Rio Grande do Sul e em Pernambuco. Oxalá muitos empregos recompensadores surjam daí.
Os números que o Marco Antonio fornece sobre a indústria naval mundial são impressionantes: "A China conta com 4.179 navios, somando os de Hong Kong. O Japão tem 3.720 e a Alemanha 3.522. Os chineses e coreanos detém 67% do mercado de navios. Os mais de US$13 trilhões em trocas comerciais realizadas no mundo ocorrem por via marítima. São 67 mil navios andando de um lado ao outro do globo, muito mais no Hemisfério Norte. Cerca de 10 empresas controlam 60% desse tráfego e ditam os preços dos fretes, ou a taxa para usar o freezer do navio. 95% do comércio internacional do Brasil é via marítima, só internamente que o delírio rodoviário se mantém".

sábado, 29 de junho de 2013

Marilena Chauí e suas perguntas para quem "Vem pra Rua"

Replico abaixo texto da profa. Dra. Marilena Chauí, conhecida militante de esquerda e "grande admiradora" do perfil ideológico da classe média de São Paulo.

Marcelo Neri: "os grandes problemas do Brasil são problemas coletivos"

A análise indica que estamos chegando ao limite do projeto de inclusão e diminuição da desigualdade conduzido nos últimos 10 anos. Nesse período, a renda das famílias chefiadas por uma pessoa analfabeta cresceu 88,6% em 10 anos, enquanto a renda das família cujo chefe possui 12 anos ou mais de estudos caiu 11,1%: diferença de 100%!!! A desigualdade de renda nos demais países do BRICS vem crescendo, enquanto a do Brasil só faz cair. Porém, nos últimos meses se percebe que a recompensa em renda pelos anos de educação aumentou. Neri explica que isso é um indício de pleno emprego. Dados os graves problemas do nosso sistema educativo, essa situação aponta para o risco de batermos a cara contra o muro.
Palestra de Marcelo Neri

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Educação, Saúde e os gastos da Copa

O texto que reproduzo abaixo, de autoria de Mario Almeida, vale sobretudo pelos dados que apresenta sobre os investimentos públicos em educação e saúde, comparando-os com os investimentos públicos realizados por outros países nessas mesmas áreas. Quanto à relação econômica entre esses investimentos e os gastos com a Copa, acho que não preciso dizer, por óbvio, que as comparações são completamente descabidas. Há, porém, uma relação simbólica, no sentido de que para fazer estádios padrão Fifa em tempo recorde o governo  não mediu esforços nem economizou recursos, enquanto os avanços nos investimentos em educação e saúde são lentíssimos, apesar de incomparavelmente mais urgentes.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

"Ineptos, Inaptos, Inócuos", por Izaías Almada

Ótimo texto cujo autor chama-se Izaías Almada. Paródia da narrativa bíblica de criação do mundo muito bem escrita, com bom humor e estilo.

As opiniões de Carlos Lessa, ex-professor de Dilma

Carlos Lessa é personagem de longa experiência na vida acadêmica e política brasileira. Professor e doutor em Ciências Econômicas, já foi reitor de universidade, fundou instituições de pesquisa, ensinou e estudou a economia brasileira adotando uma abordagem próxima do desenvolvimentismo de Celso Furtado. Na vida política, foi assessor de Ulysses Guimarães, assessorou instituto de planejamento econômico e social da ONU, dirigiu a área social do BNDES e, mais recentemente, durante o primeiro mandato do presidente Lula, foi presidente do BNDES até 2004, quando foi afastado, após fazer críticas às decisões do então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Nessa entrevista que reproduzo abaixo, concedida ao jornalista Eduardo Sá, Lessa expõe sua avaliação sobre uma política econômica que qualifica como esquizofrênica, adotada por Lula e em larga medida continuada por Dilma.

terça-feira, 25 de junho de 2013

"Here is not Venezuela"

Replico abaixo arguta análise de Rodrigo Viana sobre os desdobramentos políticos possíveis dos recentes acontecimentos sociais.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

La Gueule de Bois de Globo

Je suis vraiment étonné avec ce que je viens de voir sur la télé!
D'abord, j'envisageais de n'écrire ce post qu'en portugais, mais maintenant j'ai envie de donner la plus large répercussion possible à ce témoin. Alors j'ai décidé de l'écrire aussi en français.
Le téléjournal brésilien de la Globo News faisait semblant d'informer et d'analyser "impartialement" la proposition présentée aujourd'hui par la présidente Dilma Roussef à propos d'un plébiscite pour entamer une révision ponctuelle de la constitution brésilienne à fin de permettre une reforme de notre système politique.
La proposition mise à la table par Dilma cet après-midi fait partie de sa réponse aux récentes manifestations éclatées dans plusieurs villes brésiliennes pendant plus d'une semaine.
La Globo News a vite déclaré qu'il y a une controverse juridique sur l'idée même d'une éventuelle Assemblé Constituante ponctuelle. Ensuite, le commentateur politique du journal a essayé de faire une comparaison tout à fait malicieuse entre la proposition de Dilma et les reformes récentes des constitutions nationales de la Venezuela et de l'Equateur.
Pas un mot sur le point crucial à discuter en ce qui concerne la reforme du système politique brésilien: le financement privé des campagnes politiques. Je me demande pourquoi...

Sobre a Urgência de se Fazer Política também na Internet

Reproduzo abaixo texto do Secretário do Governo do Rio Grande do Sul, Vinícius Wu, sobre as peculiaridades do processo de mobilização social pela internet. Ele utiliza o termo "nó" no sentido técnico que lhe é dado na análise social de redes: o de um ponto de ligação com outros pontos de uma rede. A depender da quantidade e dos tipos de ligação (simétrica ou assimétrica) que um nó mantém com outros nós da rede, pode-se avaliar a importância ou influência desse nó na rede. O autor menciona o PT como exemplo de um nó influente dentro do sistema de relações de poder atual no Brasil, mas - cabe lembrar - como se trata de um sistema dinâmico, não há possibilidade de um nó dominar completamente a estabilidade do sistema, por mais influente que ele seja.
Dado que o controle sobre a produção e a difusão de informações é um aspecto importantíssimo da luta pelo poder e pela hegemonia em uma sociedade, a utilização em larga escala da internet torna-se capaz de produzir comportamentos de grupo numa velocidade nunca vista.
As enormes manifestações que surpreenderam os políticos na semana passada encontram-se bastante arrefecidas no início desta semana, mas elas podem ressurgir com vigor redobrado a qualquer momento, deixando mais uma vez atordoados os despreparados para lidar com os novos tempos.
Graças a essas manifestações recentes, suspeito que a capacidade de identificar e analisar (sobretudo com a ajuda de modelos) os fenômenos de rede que ocorrem na internet entrou subitamente no campo de interesses do Poder Executivo.

domingo, 23 de junho de 2013

Entrevista com Miriam Belchior

A Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, concede entrevista a Luis Nassif (clique aqui) no exato dia em que manifestantes subiram na rampa do Congresso Nacional.

Ponto sem retorno na história brasileira?

Replico abaixo texto de Vladimir Safatle sobre a consequência política das recentes mobilizações sociais país afora. Segundo ele, a história brasileira encontrou um novo ponto de inflexão. Não há mais como recuar, mas também não há por que temer os novos tempos que se anunciam. As lutas políticas acontecerão nas ruas e será preciso participar delas.

As manifestações e a crise de representatividade brasileira.

Há quem veja nas recentes manifestações que se alastraram pelo país o sintoma mais agudo de uma crise de representatividade. Como nasceu essa crise? Qual o papel dos meios de comunicação nos desdobramentos e na interpretação desse novo acontecimento social?  Quem esteve nas ruas? O que querem e esperam de quem os representa? Que mudanças institucionais essas manifestações devem provocar?

domingo, 16 de junho de 2013

O Brasil de Dilma

Tão escassas são as ocasiões de saber da própria Dilma o que ela tem feito e o que planeja para o futuro do Brasil que qualquer entrevista, por mais curta e simples, acaba sendo bastante esclarecedora. Aqui abaixo vai entrevista feita na última quinta-feira pela GGN com a presidenta no Palácio do Planalto. Ela fala das licitações que serão feitas neste segundo semestre de 2013, na retomada da produção naval nacional, na dedicação do dinheiro do pré-sal para a educação, entre outros assuntos. Bom texto para ser relido em 2014, antes das eleições, mas também daqui a 10 anos, quando as sementes que ela e Lula alegam ter plantado já terão se transformado em jovens plantinhas.

Hoje eu vi três profetas do apocalipse na TV

Acabo de assistir a mais um filme de terror no programa Globo News Painel. Três senhores muito elegantes, conspícuos e savants diziam com aquela expressão de "eu avisei!" que a política econômica do Governo Federal está levando o Brasil à ruína. Eu, anônimo e atônito, do lado de cá da tela me pergunto alarmado: Por que?!!! E eles, com toda a franqueza de anunciadores do resultado matemático inexorável, respondem: inflação em disparada, gastança pública desenfreada e receita pública em queda franca. Ao que eu então, aflito, balbucio: mas não há um remédio para isso? E aí, com a coragem de uma junta médica que informa ao paciente todos os efeitos colaterais da quimioterapia, os três sábios receitam a saída: aumentar os juros bem além dos 9%, cortar os gastos do governo e fazer uma reforma fiscal.
No final do programa, o educadíssimo e grave jornalista pede aos três profetas um prognóstico para 2015. Um deles então sentencia: inflação alta, desajuste fiscal e desequilíbrio no balanço das contas públicas. Até lá, acreditam eles, o governo continuará empurrando com a barriga a doença, já que só pensa em se reeleger. Afinal, os milhões de desempregados que o remédio a tomar certamente criará, esses milhões de pessoas são muito imediatistas, querem manter seus empregos e ficarão muito chateados com a Dilma se os perderem. Essa massa ignóbil não consegue pensar que, para o bem da nossa economia, é preciso que eles fiquem desempregados por alguns anos. Gente estúpida!

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Iniciativa Global pelas Crianças Fora da Escola

Documento publicado pela UNICEF em 2012 (clique aqui) apresenta um diagnóstico sobre as causas da exclusão educacional e da evasão escolar entre crianças e adolescentes brasileiros. Uma delas é a situação de pobreza das famílias que se vêem obrigadas a colocar as crianças para trabalhar em casa ou fora de casa. Dados do PNAD de 2009 apontam para um contingente de 4,3 milhões de crianças entre 5 e 17 anos que trabalham no Brasil. Outra causa é a dificuldade de acesso às escolas, por parte de professores e estudantes, sobretudo no Norte e Nordeste. Já dentro das próprias escolas, as principais dificuldades são: currículos desinteressantes para os estudantes; professores despreparados e desmotivados; infraestrutura precária.
Em 2009, tínhamos cerca de 530.000 crianças entre 7 e 14 anos fora da escola. O que foi feito dessas crianças desde então? Qual a situação delas hoje, em 2013? Elas já perderam a oportunidade de obter a formação básica na idade certa, mas conseguiram ao menos começar a correr contra o prejuízo?
O quadro é ainda mais grave com as crianças entre 4 e 6 anos, que deveriam estar iniciando o processo de alfabetização. São mais de 1 milhão delas fora da escola em todo o Brasil. Em número absolutos, a maioria se encontra no Sudeste e no Nordeste.

Anuário Brasileiro da Educação Básica

Movimento Todos pela Educação publicou o Anuário Brasileiro da Educação Básica, texto contendo várias informações e análises sobre a situação atual da educação básica brasileira. Na organização das informações e análises, o Anuário seguiu a divisão utilizada no novo PNE (ainda em tramitação no Senado?) de 20 metas para a educação.
Anuário Brasileiro da Educação Básica

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Mais uma vez a questão do petróleo

Texto sobre a importância de se ter refinarias. Cheio de gráficos informativos. Vale a pena dar uma olhada.

O núcleo do sistema financeiro

Não sei se já postei aqui esse artigo, mas por via das dúvidas o faço agora.
Se o poder econômico se tornou extremamente concentrado e transnacional, como os Estados vão lidar com isso?

sábado, 8 de junho de 2013

Sinais de novos tempos: a relação Brasil - EUA

Mauro Santayna, no artigo abaixo replicado do blog Viomundo, reflete sobre o significado da recente visita do Vice-Presidente norte-americano ao Brasil e a retribuição da visita agendada de Dilma, que será recebida com honras especiais de Estado pelo presidente Barack Obama. Segundo Santayna, o Brasil consolidou posições econômicas e militares na América Latina que exigirão de nós uma relação diplomática construída em novos termos com os EUA.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

A mídia agourenta

Reproduzo abaixo texto do Edu Guimarães (blog da Cidadania) de refrescante otimismo, em meio ao noticiário cotidiano agourento sobre o Brasil. O autor responsabiliza os barões da mídia por a taxa de investimento no Brasil não ser ainda tão vultosa quanto poderia já ser. Obviamente, tu não verás os jornalistas da Globo, Folha, Estadão, etc., em público apontado para os seus patrões como culpados. Antes verás no noticiário impresso e televisivo o que todos já vemos há algum tempo: que a culpa disso é do próprio governo, que não foi capaz de fazer as "reformas estruturais" (clichê repetido ad nauseam pelos jornalistas e especialistas com quem eles costumam bater bola), que não estabelece regras claras e estáveis para os investidores,que é leniente com a inflação, que quer controlar o câmbio artificialmente, etc.


Brasil potência militar?

Essa é pelo menos a aposta do autor do artigo abaixo, em espanhol. Prognóstico que me parece muito otimista, a julgar pelos dados utilizados como evidências pelo próprio autor. O único investimento de vulto feito pelo Brasil recentemente no seu sistema de defesa é a parceria com a França para a construção de submarinos de propulsão nuclear. Mesmo assim, esses submarinos só estarão prontos em 2020, na melhor das hipóteses. De resto, o texto ressalta os fatores que deverão ensejar o desenvolvimento militar brasileiro: sua enorme fronteira seca, sobretudo na Amazônia, cheia de água doce e biodiversidade a crescer os olhos dos países desenvolvidos, e, agora, sua cobiçada fronteira marítima, apinhada de ricos poços de petróleo pretinho e brilhante; além disso, os próximos eventos internacionais da Copa do Mundo e das Olimpíadas; por fim, a esperança do Brasil de um dia integrar o Conselho de Segurança da ONU e tornar-se um ator de destaque no cenário internacional. Por certo, essas são razões de sobra para qualquer governo fazer do investimento militar uma política de Estado importante. Porém, ter boas razões e motivações para se fazer algo não é suficiente. O Brasil ainda tem uma longa estrada a percorrer nesse assunto, sobretudo quando se compara a situação atual das Forças Armadas brasileiras com o aparato militar de países como os EUA, a França e a Inglaterra.

Câmbio: beco sem saída para o Brasil?

No texto que ora replico Nassif tenta explicar sem muito economês a armadilha cambial na qual o Brasil está preso. Será interessante voltar a esse texto mais perto do final do ano, para ver se o governo adotou alguma estratégia para sair desse imbróglio e se foi bem sucedido nisso.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Brasil: o doloroso despertar do gigante

Interessante avaliação sobre as dificuldades atuais do Brasil em conciliar o crescimento econômico e a distribuição de renda. De um lado, uma elite política e econômica que comanda as instituições e as decisões políticas, parasitária da bagunça tributária e da ineficiência dos serviços públicos. Do outro lado, uma grande maioria de famílias pobres que começam a ter acesso a bens de consumo menos primários graças aos seguidos ganhos de renda dos últimos anos. No meio disso tudo, uma classe média que recebe boa parte da carga tributária brasileira e que não teria atualmente as condições estruturais necessárias para se desenvolver com base na livre iniciativa privada. Eis o cenário apresentado pelo autor do texto abaixo.
Há, porém, uma ausência eloquente no texto: a importância do estímulo à pesquisa científica integrada com a inovação tecnológica para elevar o patamar de desenvolvimento do Brasil. O autor fala da educação básica e do saneamento básico como os investimentos públicos mais eficazes para o aumento da qualidade de vida, já que oferecem uma boa relação custo/benefício. O mesmo vale, segundo ele, para o programa Bolsa Família. Sem elevar muito os gastos do governo, esses investimentos contribuiriam para destravar o nosso desenvolvimento.

Desempenho da Indústria Brasileira no primeiro trimestre de 2013 quase surpreende

Bom texto a reler no final do ano, para comparar o prognóstico de agora com o resultado efetivo. Ele não contém reflexões sobre as causas desse desempenho, nem previsões mais detalhadas sobre o que acontecerá daqui para a frente. Por isso, valerá a pena também reler no final do ano o texto que reproduzirei no post a seguir.

sábado, 1 de junho de 2013

Negociando com nossos irmãos

O esforço para consolidar a integração econômica dos países da América Latina parece mais próximo de mostrar resultados. As dificuldades ainda são grandes e basicamente as mesmas: baixa integração da infra-estrutura entre os países da região, discrepâncias tributárias e entre os níveis de desenvolvimento econômico. Vejamos o quanto uma nova arquitetura financeira regional, como a que está se esboçando neste momento, segundo o autor do artigo abaixo, poderá ajudar na superação das dificuldades históricas de integração econômica.
Impressionante como países com histórias tão semelhantes sob vários aspectos tenham tanta dificuldade de se reconhecerem como irmãos. Na verdade, creio que isso se aplica sobretudo ao Brasil na sua relação com os vizinhos. Parece haver muito maior integração entre os países andinos, por exemplo, ou entre a Argentina e o Uruguai. Mas demora para um país continental conseguir girar o rosto do litoral para o interior.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

O desafio da integração latino-americana

Imagine um dia ligar a TV e, ao passar pelos canais, poder assistir um telejornal sobre os acontecimentos na Bolívia, ou uma série ficcional produzida na Argentina. Imagine uma escola peruana na qual as crianças estudem a história do Brasil ou uma escola brasileira na qual se estude em detalhes a história do Paraguai. O fato de que podemos, por enquanto, apenas imaginar tais situações, sem encontrar exemplos reais para elas, mostra o quanto ainda falta fazermos para integramos cultural, social e economicamente a América do Sul. Quais as dificuldades para realizarmos essa missão tão belamente evocada nas canções de Mercedes Sosa?
Com a palavra, o ex-presidente Lula.

sábado, 25 de maio de 2013

Educação: principal gargalo da economia da brasileira

Abaixo replico artigo publicado no blog do Nassif e produzido pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), no qual se parte de um breve diagnóstico da situação atual do sistema produtivo brasileiro para, em seguida, elencar os dez pontos a serem atacados para resolver o problema da competitividade e da produtividade da indústria brasileira.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O debate sobre os desafios para o desenvolvimento

A dificuldade em se defender uma agenda conservadora liberal no Brasil reside basicamente no fato de que o capitalismo em nosso país continua - e continuará ainda por muitos anos - refém de entraves que só podem ser removidos com a atuação direta do Estado. Como defender um Estado mínimo aqui, quando mais da metade da população não tem as mínimas condições para participar do mercado de consumo e produção de bens em níveis semelhantes aos de países desenvolvidos? É gente que vive a várias gerações em condições precaríssimas, comprando a vida em pequenas partes a cada dia. Deixar essas pessoas tal como estão, sem nenhum auxílio inicial do Estado, e esperar delas iniciativa empreendedora e capacidade de trabalho competitivo só pode ser uma piada de muito mau gosto - ou delírio de uma vítima de aguda cegueira ideológica.

sábado, 4 de maio de 2013

Os valores que os brasileiros dizem apreciar

A única ressalva que faria ao texto do antropólogo é que o efeito da cultura escrita sobre as sociedades da Europa e dos EUA, ainda que exista, teria sido significativo com a educação em massa das populações, algo que só aconteceu séculos depois da invenção da imprensa por Gutenberg.

A polêmica discussão sobre a maioridade penal no Brasil

O texto abaixo apresenta argumentos contra a redução da maioridade penal no Brasil para 16 anos. O que querem aqueles que são contra ou a favor dessa medida? A mesmíssima coisa: redução da criminalidade no país, seja ela praticada por menores ou maiores de 18 anos. Dado que os índices de criminalidade no Brasil são altíssimos, alguém que deseje vê-los caírem drasticamente deve primeiro se perguntar: quem são as pessoas que mais cometem crimes no Brasil? Quais são os crimes graves (contra a vida) praticados com maior frequência no país? As respostas estatísticas a essas perguntas mostram que os crimes contra a vida praticados por menores de 18 anos são uma ínfima parte do todo (menos de 3%, segundo o autor do texto abaixo): "apenas 14 mil adolescentes cumprem penas de privação de liberdade, contra 513.802 adultos. Toda essa discussão sobre maioridade penal, portanto, está focada em 2,72% do problema da violência e da criminalidade no país". Nesse sentido, aferrar-se a essa discussão parece tão despropositado quanto se dois pescadores, dentro de um barco que começa a encher de água e está longe da praia, gastassem o tempo discutindo sobre qual o melhor balde para tirar a água do barco.
Aparentemente, boa parte dos que se colocam a favor da medida tem por premissa principal a ideia de que a maioria dos crimes cometidos por adolescentes ocorre pela suposta "brandura" da punição que eles possam receber, caso sejam pegos. Sobre isso, cabe perguntar: quais são, afinal, as principais condições e causas dos crimes praticados por menores? Apenas investigações sociológicas competentes, apoiadas em dados estatísticos abundantes e precisos, poderiam responder a essa pergunta. Em todo caso, não parece verossímil, pelo menos à primeira vista, que a principal causa da criminalidade juvenil seja a confiança na amenidade da possível punição. Ainda que esse fator possa ter sua influência, estaríamos então obsecados pela discussão sobre uma das causas acessórias de uma parte estatísticamente pequenina de um grave problema. Pura insensatez.

Nossa péssima educação, mais uma vez

Eis mais uma triste notícia sobre o sistema de educação nacional.
O único débil consolo da notícia é a menção a um pequeno atraso estatístico dos dados, devido à maneira como o ranking é construído.
Em todo caso, as mudanças recentes no sistema educacional brasileiro estão longe de serem vigorosas e certamente não farão o Brasil avançar muitas casas na próxima divulgação desse ranking.
A reportagem comenta ainda as condições que conferem à Finlândia e à Coréia do Sul os primeiros lugares. Por um lado, um clara valorização profissional do professor - pagamento de bons salários, prestígio social e valorização da competência -; por outro lado, culturas nacionais nas quais a educação é vista como um dos principais valores sociais.


terça-feira, 30 de abril de 2013

Crowdfunding ou financiamento colaborativo

O crescimento do financiamento colaborativo


Por EMILIAMMM
Do Outras Palavras
Números mostram que financiamento colaborativo ocupa lugar cada vez mais importante na economia

sábado, 27 de abril de 2013

Possibilidade de conjugação da energia eólica com a hidroelétrica

Ligar a rede de energia eólica brasileira - que nos últimos anos cresceu muito - com a rede de energia hidroelétrica é uma alternativa que pode tornar o sistema elétrico brasileiro menos vulnerável às variações climáticas sazonais.

A meta da indústria naval brasileira

     O artigo abaixo é um resumo do primeiro debate promovido pelo IG e pelo Brasil Econômico para a série "Caminhos para o Desenvolvimento – os desafios do País para garantir um crescimento econômico sustentável". Esse primeiro debate teve a participação do atual presidente da Transpetro, Sergio Machado. Ele afirma que o Brasil terá condições de ter uma indústria naval competitiva internacionalmente dentro de 15 anos.

As pessoas sozinhas - mas não necessariamente solitárias - de nosso tempo

A vida em família é até hoje considerada geralmente a unidade básica da vida social e, por isso, as pessoas que vivem sozinhas na idade adulta por muito tempo foram vistas como verdadeiras anomalias sociais.
A situação hoje mudou bastante. A proporção de homens e mulheres que vivem sozinhos nas grandes cidades ocidentais modernas aumentou muito a partir da segunda metade do século passado. O texto abaixo procura identificar os fatores responsáveis por essa mudança que parece ter se instalado com uma tendência marcante e inédita na história da humanidade.
O assunto, obviamente, diz respeito também à sociedade brasileira. Aliás, de acordo com texto, é justamente nos países em desenvolvimento que o número de pessoas a viverem sozinhas aumenta mais rapidamente.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Previsões (parcialmente) sombrias de Nassif para 2015-2016

Ele identifica uma dinâmica recorrente de inevitável geração de déficit externo pela economia brasileira que, ao atingir seu estágio mais agudo, reclama como resposta de curto prazo a desvalorização do câmbio, acompanhada por um subida da inflação.
No atual contexto, o déficit externo estaria sendo provocado pelo recente crescimento do consumo interno, que não foi acompanhado por um aperfeiçoamento do sistema produtivo interno. Sem este aperfeiçoamento, as empresas produtoras brasileiras perdem a competição para os produtos importados. Assim, os produtos importados vão ocupando os espaços e corroendo a capacidade produtiva das empresas nacionais. Com mais importação do que exportação, aumenta o déficit externo. O governo, incapaz de reverter esse movimento no curto prazo, acabará sendo forçado a desvalorizar o câmbio (em relação ao dólar), na tentativa de reequilibrar as contas. Isso causará inflação por algum período, mas também ajudará as empresas brasileiras a baratear (em dólar) seus produtos. Nassif prevê que essa desvalorização ocorrerá por volta do primeiro ou segundo ano do próximo governo.
Vale lembrar que a China já pratica controle cambial há bastante tempo. O resultado está aí.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Para entender o dinheiro

Texto sobre o documentário "Money as Debt". Bastante esclarecedor sobre o atual estágio do sistema capitalista.

domingo, 21 de abril de 2013

"A expectativa de vida do euro é de 5 anos". Será?

Abaixo, breve diagnóstico sobre a atual situação dos países da zona do euro e sobre o possível desdobramento da crise: segundo o economista consultado na reportagem, em no máximo cinco anos o euro se desintegrará por conta do abandono em cadeia dos países membros da zona do euro. Será? Daqui a alguns anos testaremos a validade desse prognóstico.
Questões relevantes para nós: como o Brasil deve lidar com esse possível cenário? Quais são as projeções atuais das condições de nossa economia daqui a cinco anos?

sábado, 20 de abril de 2013

Os meios de comunicação e sua dependência dos clichês

Clichês são opiniões ou imagens estereotipadas a respeito de pessoas, lugares ou acontecimentos. Eles se constroem ao longo do tempo e decantam-se sorrateiramente nas mentes da pessoas. São, por definição, falsidades, mas costumam ser muito eficazes na determinação de nossas condutas. Sua eficácia deriva, em parte, de nossa tendência geral a seguir a "lei do menor esforço" e em parte dos fragmentos de verdade que os compõem.
A pretexto do compromisso de informar o público de modo objetivo, suscinto e compreensível, os meios de comunicação tendem a formar e reforçar clichês, criando assim a estranha impressão de que, apesar da avalanche de novas informações com que eles nos inundam 24 horas por dia, parece quase sempre tratar-se de mais do mesmo.
Essa impressão induz o leitor, ouvinte ou telespectador a uma espécie de letargia diante da história humana, contada ao modo das mídias. Uma letargia que se alimenta de um empobrecimento, provocado pelos clichês, da nossa capacidade de compreensão dos fatos. Afinal, qualquer interpretação satisfatória dos fenômenos humanos depende, por um lado, do conhecimento das histórias a respeito do que ensejou esses fenômenos e, por outro lado, das estimativas sobre a possível influência desses fenômenos no desenrolar dos acontecimentos futuros. Ora, os clichês oferecem imagens pobres diante do passado e rígidas diante do futuro: pobres porque simplificadas além da medida e rígidas porque resistentes a qualquer mudança que os eventos futuros possam provocar nelas.
Se o diálogo racional e produtivo entre seres humanos depende do exercício de nossa capacidade de compreender adequadamente os acontecimentos, um exercício que exige grande investimento cognitivo e emocional de nossa parte, a mídia e sua dependência crônica dos clichês cria então mais obstáculos àquele tipo de diálogo, ao nos estimular a continuarmos abraçados a nossas amadas crenças irrefletidas. Eis a maneira como ela contribui para a formação de indivíduos incapazes de dialogar com os outros.

Balanço do PAC 2

De acordo com relatório do governo sobre o andamento das obras do PAC 2, em dezembro de 2012 haviam sido executados 47,8 % dos recursos previstos para a etapa do programa que se concluirá em 2014. Isso dá a esperança de que até 2014 ao menos 90% dos recursos tenham sido executados. A ver.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Lista com os 35 melhores filmes de esquerda

http://www.diarioliberdade.org/artigos-em-destaque/407-cultura-m%C3%BAsica/37613-os-35-melhores-filmes-da-esquerda.html

"Juro e tomate: o molho azedo do laissez-faire", por Saul Leblon



O aumento da taxa de juro de 0,25%, na reunião do Copom desta 4ª feira, a rigor não muda um centímetro do cenário econômico. 

Nem é tragédia, nem significa a salvação da lavoura. 

Não resolve nenhum dos desafios colocados ao desenvolvimento do país. 

É mais um sinal de satisfação aos mercados para dizer que a ortodoxia não tem o monopólio da cautela em relação ao comportamento dos preços. 

Se e quando necessário, o governo age. O recado mira 2014.

Os interesses rentistas e a mídia que os vocaliza certamente farão uma leitura diferente.

Desde já esfregam as mãos e flexionam os músculos.

Tem 45 dias até a próxima reunião do Copom para calibrar uma nova escalada, ancorada num poder de difusão capaz de pautar o país e o governo.

Seria precipitado dizer qual será o vilão da vez. 

Mas eles conseguem um.

A instabilidade climática que indexou o país ao tomate nas últimas semanas veio para ficar.

O Brasil é o quinto lugar do planeta mais alvejado por desastres climáticos na última década.

O semi-árido nordestino vive desde outubro uma das piores secas em meio século.

Sendo um dos cinco maiores produtores agrícolas do planeta, o país convive com comida cara numa momento em que as cotações internacionais perdem fôlego, por conta da estagnação global.

Desde agosto do ano passado, segundo o IBGE, bebidas e alimentos acumulam alta da ordem de 16% no país.

A deflação mundial das commodities bateu em 9% no mesmo período, diz a FAO.

A resposta ortodoxa para eventos climáticos extremos será sempre a mesma.

‘Sobe o juro!’.

Não importam os efeitos. 

Tampouco as causas.

A ausência de uma política estatal de estoques de alimentos, por exemplo, acentua a vulnerabilidade ao clima desordenado. 

O Brasil é conhecido pela pujança de sua agricultura (de custos sociais e ambientais nem sempre computados no saldo da eficiência). 

A safra de grãos deste ano deve girar em torno de 180 milhões de toneladas.

Nos últimos 20 anos o país aumentou em 175% a produção graneleira (com a ressalva anterior).

Como, então, fica refém de uma alta de preços, que acua o governo em descompasso com a tendência mundial?

Tido como um dos cinco maiores celeiros do mundo, o Brasil simplesmente não dispõe dos ditos celeiros para intervir no abastecimento. 

A rede pública de armazéns foi privatizada e sucateada nos governos Collor e FHC. 

Nunca mais foi recomposta.

A tarefa de formar estoques foi transferida à iniciativa privada, gerando fenômenos desconcertantes. 

Sem ter onde armazenar safras recordes, regiões produtoras ‘guardam’ milhões de toneladas em caminhões, que atravessam o país todos ao mesmo tempo.

A frota de armazéns ambulantes cria congestionamentos cinematográficos.

Imediações dos portos fazem a alegria da mídia conservadora no auge da safra.

A mesma mídia que no passado aplaudiu a extinção das políticas de abastecimento e a privatização da armazenagem.

Não só.

O Nordeste nesse momento pode ter seu rebanho bovino dizimado pela seca.

Falta milho para o gado. 

A região brasileira mais vulnerável ao clima –e ao mesmo tempo, a mais previsível-- não dispõe de uma rede de armazéns capaz de evitar o cíclico sacrifício de seus rebanhos.

O déficit de armazenagem no país é da ordem de 25 milhões de toneladas. 

Concentra-se em dois polos: no Centro-Oeste, hoje a maior região produtora de grãos; e no Nordeste, a mais vulnerável e carente de abastecimento.

Coisas dos livres mercados.

Esta semana, quando já galgava o patíbulo do Copom, o governo, finalmente, decidiu redefinir a atuação Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

A ordem é para a Conab recuperar o tempo perdido.

E espetar armazéns estatais estratégicos em todo o território nacional.

Dos 17.962 armazéns disponíveis no Brasil apenas 4% são públicos. 

O restante o governo aluga.

Gasta R$ 300 milhões por ano com isso.

Não é uma jabuticaba brasileira.

Nas últimas décadas, a supremacia neoliberal colonizou a agenda do desenvolvimento.

A terceirização das responsabilidades do Estado aos ditos ‘livres mercados’ contaminou a esfera da segurança alimentar.

Nações, sobretudo as mais pobres, e organismos multilaterais, foram incentivados a renunciar ao comando da soberania alimentar. 

A ordem era transferir aos livres mercados –‘mais eficientes e ágeis’– a incumbência do suprimento. 

Se o mercado mundial é capaz de atender a demanda just-in-time, e a preços mais competitivos, por que carregar estoques estratégicos de custos onerosos?

A formação dos preços deveria fluir livre do intervencionismo; a salvo de politicas de abastecimento; sem o ruído dos estoques reguladores estatais.

O laissez-faire moderno materializa-se nas bolsas de mercadorias e na roleta dos contratos futuros, que deveriam servir de garantia ao produtor. Mas foram capturados pelo apetite insaciável dos fundos especulativos. 

A crise financeira do 2º semestre de 2007 em diante, e a fulminante espiral dos preços agrícolas que se seguiu , puniu exemplarmente a crendice nas virtudes dos livres mercados.

No ápice da escassez e da fome, nações e organismos internacionais viram-se desarmados para intervir. 

Onde estavam os estoques? 

Onde continuam a repousar.

Em celeiros das grandes corporações que dominam o comércio agrícola mundial e mantém sigilo especulativo sobre os volumes. Business.

A alta do juro nesta 4ª feira condensa essa trama oculta de interesses e engodos. 

Os ingredientes compõem o molho azedo do laissez-faire.

O jogral tomateiro conhece a receita, mas não admite.

O governo, ao mexer na Conab, dá mostras de saber a origem do mico.

Resta saber qual das duas lógicas predominará até a próxima reunião do Copom, em 30 de maio.

A ver.
Postado por Saul Leblon às 22:02

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Duas notícias da Folha sobre o PIB

Hoje, depois de ler notícia da Folha sobre queda da 'prévia' do PIB para fevereiro, notei que apenas no interior da matéria havia referência ao detalhe de que o valor anunciado na manchete não considerava a influência da sazonalidade. Isto me fez pensar em procurar na internet notícias semelhantes sobre o PIB de fevereiro de 2012, para fazer uma comparação. Eis abaixo o resultado dessa rápida pesquisa:

segunda-feira, 8 de abril de 2013

33 bilhões para os empresários inventarem novidades


Finep pretende destinar R$ 33 bi em crédito para inovação

Do Estadão.com.br

'Vamos responder aos pedidos de financiamento em até 30 dias'

Com a redução do prazo, que é de 112 dias atualmente, a Finep espera destinar R$ 32,9 bi a projetos de inovação

07 de abril de 2013 | 2h 07
JOÃO VILLAVERDE, IURI DANTAS / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Os empresários que solicitarem crédito à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para financiar seus investimentos a partir de 1.º de julho vão receber da instituição financeira uma resposta completa em, no máximo, 30 dias. Hoje, a Finep leva 112 dias, em média, para responder às companhias com as condições (taxa de juros, prazo para pagamento, tempo de carência) que tem a oferecer. Em 2011, a Finep levava em média 248 dias para isso.
Com a forte redução dos prazos, a Finep espera conseguir tocar o enorme pacote de R$ 32,9 bilhões em crédito subsidiado para ampliar a inovação do setor privado brasileiro lançado pela presidente Dilma Rousseff no mês passado.
Esta é a aposta do presidente da Finep, Glauco Arbix, que, em entrevista ao Estado, afirmou que o Brasil está diante de uma encruzilhada: o ritmo do crescimento da economia, fraco nos dois últimos anos, não pode desanimar os empresários, que precisam aproveitar esse período de baixa para inovar e se preparar para a retomada. A seguir, os principais trechos da entrevista.
O governo acabou de lançar um pacote de R$ 32,9 bilhões em crédito subsidiado para inovação. Haverá demanda?
A demanda tem surpreendido todo mundo. A estrutura industrial brasileira está mudando, especialmente do lado comportamental dos empresários. Mesmo com o ritmo lento da economia nos últimos dois anos, a demanda por financiamento da Finep continuou forte e aumentando. É claro que, se houvesse uma explosão da demanda por crédito, ninguém conseguiria atender, nem a Finep, porque a economia brasileira não é puxada pela inovação. Queremos que seja, e por isso esse pacote. Estamos nos preparando para um boom, que, se vier num futuro próximo, será plenamente atendido pela Finep.
Como?
As mudanças na Finep serão muito grandes. A principal começará em 1.º de julho: vamos responder a todo e qualquer projeto de financiamento em até 30 dias. Isso é uma revolução. Estamos trabalhando com a USP de Ribeirão Preto, o Cedeplar, de Minas Gerais, e o Ipea para criar três rankings que vão facilitar muito nosso trabalho de avaliação dos projetos. A análise de saúde financeira das empresas será feita na Serasa. Fechamos um acordo com o Banco do Brasil para trabalhar com a central de risco de crédito deles. Com isso, teremos segurança na análise do projeto e agilidade na liberação das condições que vamos oferecer. Muitas vezes pedimos documentos que não são necessários, e isso é custo, burocracia e tempo. Vamos reduzir isso ao essencial. Não é razoável que alguém que queira inovar demore 248 dias para conseguir o crédito, como era em 2011, ou mesmo 112 dias como é hoje, depois do enorme esforço que imprimimos. Agora tudo será veloz.
As empresas estão preparadas para tomar esses recursos?
Passamos anos discutindo no Brasil as variáveis macro, como juros e câmbio. Isso está razoavelmente equacionado, com uma economia muito mais forte hoje, com reservas. A situação agora é outra: precisamos de competitividade. No século 16 isso era atingido por meio do chicote e o aumento da produtividade na base do esforço físico. Agora é produtividade ligada a tecnologia e gestão. As empresas estão despertando para isso. O Brasil é um País muito dependente de commodities, mas isso não é um mal, pelo contrário. Precisamos continuar na frente, e para isso precisamos investir em tecnologia. A questão é que precisamos ir além do agronegócio, e sermos inovadores em diversos setores. O governo está disposto a tomar risco junto com as empresas. A linha de alto risco da Finep tem taxa de juros de até 2,5% ao ano, tendo quatro anos para começar a pagar e até 12 anos para pagar tudo. Além disso, cobrimos até 90% do projeto. Não conheço país que ofereça algo parecido.
A crise tem sido muito dura para a indústria brasileira, com queda de investimentos em muitos setores, além de corte de pessoal e da própria produção. Como casar um pacote de estímulos à inovação com o atual estágio da indústria de transformação?
O nosso recado é claro: persistam. Tradicionalmente na Finep, tal como no BNDES, a demanda por crédito sempre seguiu o ritmo geral da economia. Quando o PIB crescia muito, a demanda era muito grande, mas quando a economia ficava fraca os empresários se retraíam. Isso não está acontecendo desta vez. Não foi o que ocorreu em 2011 e 2012, mesmo com um ritmo do PIB abaixo de 1%. O que sei, como alguém que estuda tecnologia há 25 anos, é que a indústria precisa inovar, principalmente em momentos de crise, porque de outra forma, quando a recuperação começar, ela não vai conseguir acompanhar. Estamos pressionados. As economias emergentes, como China, Índia e Rússia, estão de um lado, e, do outro, os países desenvolvidos, EUA à frente, iniciando uma lenta recuperação, puxada principalmente pela inovação em setores de ponta. Se o investimento na indústria não vier agora, o espaço pode se fechar.

domingo, 7 de abril de 2013

Prioridade militar: equipar a Marinha

Dando continuidade ao tema do post anterior, deixo abaixo prognóstico do Azenha sobre as futuras batalhas pela exploração do petróleo no Brasil e mundo afora. Tudo indica que os EUA estão desenvolvendo tecnologia para tornarem-se autosuficientes na produção de combustível fóssil, mas que também estão bem atentos aos locais onde a exploração desses combustíveis seja mais fácil do que no Oriente Médio. Daí a necessidade de países como o Brasil, com uma significativa reserva de matéria prima e mais vulneráveis à intervenção das potências militares, tornarem mais robusto seu sistema de Defesa Nacional.

Recursos do petróleo, desoneração fiscal e nossas aposentadorias

Três questões à primeira vista desconexas, mas só à primeira vista.
A primeira, sobre os recursos do petróleo, diz respeito ao destino do dinheiro (sobretudo capital fixo) que iremos produzir ao longo das próximas décadas. Em maio será realizada mais uma rodada de atração de investimentos estrangeiros para exploração do petróleo abrigado na costa atlântica brasileira. O detalhe é que as futuras concessões de exploração serão regidas pela lei 9.478, de 1997 (clique aqui para lê-la) e não pela lei mais recente, restrita à exploração das áreas de petróleo do pré-sal. Segundo o autor do artigo transcrito abaixo, pela lei 9.478, a empresa que explora uma área a ela previamente concedida e lá descobre petróleo torna-se "dono dele e faz dele o que bem quiser". Mas será que isso não é um exagero? Afinal, para início de conversa, tratam-se de contratos de concessão, com data para terminar e condições a serem (a princípio) respeitadas por ambas as partes do contrato. Como primeiro passo para se obter uma resposta a essa pergunta, convido a ler especialmente os capítulos V ("Da Exploração e da Produção") e VIII ("Da Importação e Exportação de Petróleo") daquela lei. Para comparação, deixo também AQUI a ligação para a lei 12.351/2010, concebida para regular a exploração dos recursos da região do pré-sal.
A segunda e terceira questões, respectivamente sobre a desoneração fiscal das folhas de pagamento e sobre nossas aposentadorias, dizem respeito à distribuição dos recursos nacionais (cuja uma parte nada desprezível virá da exploração do petróleo). Essas duas questões são abordadas por outro texto, que coloco aqui logo abaixo do primeiro, no qual Luis Nassif se pergunta pelos efeitos da atual política de isenção fiscal nas receitas da Previdência Social. Prevê-se que o déficit da Previdência Social vai se tornar um problema agudo para o Brasil nos próximos 20 ou 30 anos (justamente a época em que eu me aposentaria!). Pelo que pude observar in loco, esse déficit já é um problema nos países mais avançados da Europa. Os jovens trabalhadores da Itália e da França de hoje, por exemplo, já temem bastante a precariedade de suas rendas quando eles chegarem na velhice.

sábado, 6 de abril de 2013

Análise da encruzilhada política atual

Gesta-se nas instâncias do poder judiciário brasileiro uma ação penal em que Lula é acusado de negociar com a Portugal Telecom financiamento em caixa dois para a sua própria campanha. Até que ponto pode ir essa ação? O governo tem influência suficiente na Procuradoria da República do Distrito Federal para abortá-la em tempo hábil?
Assim como o julgamento do mensalão teve claramente um uso político, não se duvida que seja esse novamente o objetivo subjacente à tentativa de envolver Lula em um processo judiciário. Por isso, nem se pergunta pela procedência ou não da denúncia.
Abaixo, segue prognóstico do Eduardo Guimarães sobre esse novo evento da política nacional.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Juros SELIC: Uma batalha decisiva está em curso

Acontece nesse momento uma importante queda de braço entre o governo federal, com sua estratégia econômica de médio prazo, e os grandes grupos financeiros, com seus interesses pelo ganho graúdo proporcionado por uma alta taxa de juros SELIC. Uma disputa decisiva para o futuro do país, pois definirá no médio prazo se continuaremos a ser o paraíso dos investidores especulativos ou um bom local para se produzir bens, estudar, inovar, trabalhar, viver. Aparentemente, boa parte das grandes empresas brasileiras de comunicação tende a fazer coro junto com os grupos financeiros, pois teriam também elas bastante a ganhar com o aumento da taxa de juros. Isso explicaria certas notícias alarmistas recentemente publicadas contendo as palavras "descontrole" e "hiperinflação". A aposta do governo, por outro lado, seria em um combate da inflação baseado na correção dos fatores que causam o desequilíbrio entre oferta e demanda. Afinal, este país em que as taxas de desemprego estão bem baixas e em que a renda média dos trabalhadores e aposentados cresce há mais de uma década é também o país que sofre com o sucateamento histórico da sua infraestrutura logística, com a feroz concorrência industrial chinesa, com a baixíssima capacidade do estado de investir de forma eficiente em capital fixo, além de vários outros gargalos que, juntos, compõem o chamado "custo Brasil". Deixo abaixo três análises recentes sobre essa situação.

domingo, 31 de março de 2013

Pré-sal: nosso "bilhete premiado" para o futuro?

Para Saul Leblon, sim. Diante da feroz concorrência chinesa, que há alguns anos corrói nosso parque industrial, um país em desenvolvimento como o Brasil não teria condições de se proteger adequadamente em tempo hábil. A não ser que tenha um trunfo na manga. O nosso seria seria, segundo Leblon, o pré-sal, com os ciclos de inovação e desenvolvimento industrial que ele já começa a estimular e com a riqueza que ele já começa a produzir, para mitigar os ainda muito graves problemas sociais do Brasil. Eis, em resumo, o  argumento do texto "Sequestro da Petrobrás".

terça-feira, 26 de março de 2013

Referências para se refletir sobre o rumo do país

Texto escrito por Luis Nassif para sua Coluna Econômica.

Bresser-Pereira e as figuras referenciais


Autor: 
Coluna Econômica
O Brasil foi construído por um enorme esforço coletivo e pela orientação de algumas figuras referenciais que, através dos tempos e das políticas, iluminaram o caminho com visões de futuro.
Dos anos 50 para cá, figuras como Rômulo de Almeida, Roberto Campos, Celso Furtado, Octávio Gouvêa de Bulhões, Hélio Jaguaribe, José Guilherme Merchior, Barbosa Lima Sobrinho, com visões diferentes de mundo, ajudaram a definir o caminho, a corrigir exageros do período anterior e apontar as novas etapas.

terça-feira, 19 de março de 2013

A cadeia produtiva do pré-sal

Um dos fatores econômicos relevantes para responder à pergunta: para onde vamos? é, sem dúvida, o petróleo incrustrado na camada pré-sal do oceano atlântico. Compartilho aqui o programa de TV Brasilianas sobre o assunto.
O apresentador do programa, Luis Nassif, introduz o debate da seguinte maneira: "como consolidar toda a cadeia produtiva para que a exploração do pré-sal seja positiva para a indústria brasileira?"

quinta-feira, 14 de março de 2013

Relatório 2013 da ONU sobre o IDH mundial

Se a taxa de incremento anual do IDH seguir nos próximos anos o ritmo verificado de 1980 até 2012, de 1,1%, em 2022 talvez já façamos parte do grupo dos países com desenvolvimento humano muito alto, porém ainda bem longe de países como EUA, Austrália e Canadá.
Relatório do PNUD sobre o desenvolvimento humano aponta avanços significativos do IDH no Brasil desde a década de 1990. Ainda estamos bem longe do que poderíamos estar, dado o estágio atual da nossa economia e as riquezas de que dispomos. Em todo caso, vamos em frente. Se, além dos esforços que tem sido feitos para diminuir a desigualdade de renda, as cidades ganharem nesta década investimentos significativos e inteligentes em mobilidade urbana, habitação, saneamento e no sistema educacional, vamos subir no ranking rapidinho e quem sabe não nos veremos na faixa de IDH dos países com desenvolvimento humano muito elevado já em 2020? Documento complementar relevante ao relatório do PNUD é este texto com perguntas e respostas sobre o Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (IDHAD). Além deste outro que explica o índice de pobreza multidimensional. Por fim, há esta nota específica sobre os índices do Brasil.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Comunicado do IPEA: A década inclusiva (2001-2011)

         Se projetarmos o ritmo atual de queda da desigualdade medida pelo índice Gini para os próximos anos, a previsão é que o Brasil atinja o nível de países como Uruguai e Argentina (eles estão entre os menos desiguais da América do Sul) até 2015. Para atingir um índice semelhante aos dos países da Europa Ocidental, porém, seria preciso esperar até o ano de 2035 - ou, em vez de esperar, poderíamos quem sabe fazer um esforço nacional para acelerar o ritmo de diminuição da desigualdade e nos transformarmos numa "Europa tropical" até o ano simbólico de 2022.
         Em todo caso, comunicado do IPEA de setembro de 2012 (clique aqui) nos fornece a esse respeito um bom retrato sobre em que ponto nos encontramos hoje. Vale a pena dar uma olhada.

domingo, 3 de março de 2013

Analisando a taxa de desemprego no Brasil


Por Saulo B.
Ola,
cinco análises complementares analisam a baixa taxa de desemprego no Brasil (todas em anexo a este comentário). Vários artigos na imprensa, em 2012, apontam uma questão em aberto: como o país pode estar a crescer tão pouco e o desemprego ser tão baixo? Isso traz uma consequência eleitoral grave para quem está na oposição (municipal a federal): o alto desemprego, e não o baixo crescimento do PIB, é quem traz insatisfação ao eleitor.

A consolidação da aliança PT-PMDB


UM NOVO CAMPO POLÍTICO - Realizou-se ontem a Convenção Nacional do PMDB. Patente está que este partido está unido e coeso no propósito de manter e aprofundar a aliança em nível nacional sacramentada com o PT a partir de 2010. O vice presidente da república, Michel Temer, foi eleito novamente, e de forma unânime, presidente nacional da sigla e discursou defendendo a aliança que, segundo suas palavras, está fazendo bem ao PMDB e ao povo brasileiro.

sexta-feira, 1 de março de 2013

O Campo de Forças que define o jogo político

A recente criação do novo partido político da Marina Silva e as especulações da mídia impressa e audiovisual sobre os gestos discretos e cifrados de políticos que até pouco tempo atrás pareciam pertencer inequivocamente à base de apoio ao governo federal chamaram a minha atenção para uma peculiaridade do jogo de forças que governa as tomadas de decisão políticas. Se quiserem apresentar-se nas próximas eleições como alternativas para o exercício do poder executivo federal, tanto Eduardo Campos quanto Marina Silva terão que angariar o apoio de diferentes atores sociais em torno de uma proposta de governo que seja um contraste suficientemente claro em relação à proposta da aliança que atualmente governa o país.