sábado, 29 de junho de 2013

Marilena Chauí e suas perguntas para quem "Vem pra Rua"

Replico abaixo texto da profa. Dra. Marilena Chauí, conhecida militante de esquerda e "grande admiradora" do perfil ideológico da classe média de São Paulo.

Marcelo Neri: "os grandes problemas do Brasil são problemas coletivos"

A análise indica que estamos chegando ao limite do projeto de inclusão e diminuição da desigualdade conduzido nos últimos 10 anos. Nesse período, a renda das famílias chefiadas por uma pessoa analfabeta cresceu 88,6% em 10 anos, enquanto a renda das família cujo chefe possui 12 anos ou mais de estudos caiu 11,1%: diferença de 100%!!! A desigualdade de renda nos demais países do BRICS vem crescendo, enquanto a do Brasil só faz cair. Porém, nos últimos meses se percebe que a recompensa em renda pelos anos de educação aumentou. Neri explica que isso é um indício de pleno emprego. Dados os graves problemas do nosso sistema educativo, essa situação aponta para o risco de batermos a cara contra o muro.
Palestra de Marcelo Neri

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Educação, Saúde e os gastos da Copa

O texto que reproduzo abaixo, de autoria de Mario Almeida, vale sobretudo pelos dados que apresenta sobre os investimentos públicos em educação e saúde, comparando-os com os investimentos públicos realizados por outros países nessas mesmas áreas. Quanto à relação econômica entre esses investimentos e os gastos com a Copa, acho que não preciso dizer, por óbvio, que as comparações são completamente descabidas. Há, porém, uma relação simbólica, no sentido de que para fazer estádios padrão Fifa em tempo recorde o governo  não mediu esforços nem economizou recursos, enquanto os avanços nos investimentos em educação e saúde são lentíssimos, apesar de incomparavelmente mais urgentes.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

"Ineptos, Inaptos, Inócuos", por Izaías Almada

Ótimo texto cujo autor chama-se Izaías Almada. Paródia da narrativa bíblica de criação do mundo muito bem escrita, com bom humor e estilo.

As opiniões de Carlos Lessa, ex-professor de Dilma

Carlos Lessa é personagem de longa experiência na vida acadêmica e política brasileira. Professor e doutor em Ciências Econômicas, já foi reitor de universidade, fundou instituições de pesquisa, ensinou e estudou a economia brasileira adotando uma abordagem próxima do desenvolvimentismo de Celso Furtado. Na vida política, foi assessor de Ulysses Guimarães, assessorou instituto de planejamento econômico e social da ONU, dirigiu a área social do BNDES e, mais recentemente, durante o primeiro mandato do presidente Lula, foi presidente do BNDES até 2004, quando foi afastado, após fazer críticas às decisões do então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Nessa entrevista que reproduzo abaixo, concedida ao jornalista Eduardo Sá, Lessa expõe sua avaliação sobre uma política econômica que qualifica como esquizofrênica, adotada por Lula e em larga medida continuada por Dilma.

terça-feira, 25 de junho de 2013

"Here is not Venezuela"

Replico abaixo arguta análise de Rodrigo Viana sobre os desdobramentos políticos possíveis dos recentes acontecimentos sociais.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

La Gueule de Bois de Globo

Je suis vraiment étonné avec ce que je viens de voir sur la télé!
D'abord, j'envisageais de n'écrire ce post qu'en portugais, mais maintenant j'ai envie de donner la plus large répercussion possible à ce témoin. Alors j'ai décidé de l'écrire aussi en français.
Le téléjournal brésilien de la Globo News faisait semblant d'informer et d'analyser "impartialement" la proposition présentée aujourd'hui par la présidente Dilma Roussef à propos d'un plébiscite pour entamer une révision ponctuelle de la constitution brésilienne à fin de permettre une reforme de notre système politique.
La proposition mise à la table par Dilma cet après-midi fait partie de sa réponse aux récentes manifestations éclatées dans plusieurs villes brésiliennes pendant plus d'une semaine.
La Globo News a vite déclaré qu'il y a une controverse juridique sur l'idée même d'une éventuelle Assemblé Constituante ponctuelle. Ensuite, le commentateur politique du journal a essayé de faire une comparaison tout à fait malicieuse entre la proposition de Dilma et les reformes récentes des constitutions nationales de la Venezuela et de l'Equateur.
Pas un mot sur le point crucial à discuter en ce qui concerne la reforme du système politique brésilien: le financement privé des campagnes politiques. Je me demande pourquoi...

Sobre a Urgência de se Fazer Política também na Internet

Reproduzo abaixo texto do Secretário do Governo do Rio Grande do Sul, Vinícius Wu, sobre as peculiaridades do processo de mobilização social pela internet. Ele utiliza o termo "nó" no sentido técnico que lhe é dado na análise social de redes: o de um ponto de ligação com outros pontos de uma rede. A depender da quantidade e dos tipos de ligação (simétrica ou assimétrica) que um nó mantém com outros nós da rede, pode-se avaliar a importância ou influência desse nó na rede. O autor menciona o PT como exemplo de um nó influente dentro do sistema de relações de poder atual no Brasil, mas - cabe lembrar - como se trata de um sistema dinâmico, não há possibilidade de um nó dominar completamente a estabilidade do sistema, por mais influente que ele seja.
Dado que o controle sobre a produção e a difusão de informações é um aspecto importantíssimo da luta pelo poder e pela hegemonia em uma sociedade, a utilização em larga escala da internet torna-se capaz de produzir comportamentos de grupo numa velocidade nunca vista.
As enormes manifestações que surpreenderam os políticos na semana passada encontram-se bastante arrefecidas no início desta semana, mas elas podem ressurgir com vigor redobrado a qualquer momento, deixando mais uma vez atordoados os despreparados para lidar com os novos tempos.
Graças a essas manifestações recentes, suspeito que a capacidade de identificar e analisar (sobretudo com a ajuda de modelos) os fenômenos de rede que ocorrem na internet entrou subitamente no campo de interesses do Poder Executivo.

domingo, 23 de junho de 2013

Entrevista com Miriam Belchior

A Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, concede entrevista a Luis Nassif (clique aqui) no exato dia em que manifestantes subiram na rampa do Congresso Nacional.

Ponto sem retorno na história brasileira?

Replico abaixo texto de Vladimir Safatle sobre a consequência política das recentes mobilizações sociais país afora. Segundo ele, a história brasileira encontrou um novo ponto de inflexão. Não há mais como recuar, mas também não há por que temer os novos tempos que se anunciam. As lutas políticas acontecerão nas ruas e será preciso participar delas.

As manifestações e a crise de representatividade brasileira.

Há quem veja nas recentes manifestações que se alastraram pelo país o sintoma mais agudo de uma crise de representatividade. Como nasceu essa crise? Qual o papel dos meios de comunicação nos desdobramentos e na interpretação desse novo acontecimento social?  Quem esteve nas ruas? O que querem e esperam de quem os representa? Que mudanças institucionais essas manifestações devem provocar?

domingo, 16 de junho de 2013

O Brasil de Dilma

Tão escassas são as ocasiões de saber da própria Dilma o que ela tem feito e o que planeja para o futuro do Brasil que qualquer entrevista, por mais curta e simples, acaba sendo bastante esclarecedora. Aqui abaixo vai entrevista feita na última quinta-feira pela GGN com a presidenta no Palácio do Planalto. Ela fala das licitações que serão feitas neste segundo semestre de 2013, na retomada da produção naval nacional, na dedicação do dinheiro do pré-sal para a educação, entre outros assuntos. Bom texto para ser relido em 2014, antes das eleições, mas também daqui a 10 anos, quando as sementes que ela e Lula alegam ter plantado já terão se transformado em jovens plantinhas.

Hoje eu vi três profetas do apocalipse na TV

Acabo de assistir a mais um filme de terror no programa Globo News Painel. Três senhores muito elegantes, conspícuos e savants diziam com aquela expressão de "eu avisei!" que a política econômica do Governo Federal está levando o Brasil à ruína. Eu, anônimo e atônito, do lado de cá da tela me pergunto alarmado: Por que?!!! E eles, com toda a franqueza de anunciadores do resultado matemático inexorável, respondem: inflação em disparada, gastança pública desenfreada e receita pública em queda franca. Ao que eu então, aflito, balbucio: mas não há um remédio para isso? E aí, com a coragem de uma junta médica que informa ao paciente todos os efeitos colaterais da quimioterapia, os três sábios receitam a saída: aumentar os juros bem além dos 9%, cortar os gastos do governo e fazer uma reforma fiscal.
No final do programa, o educadíssimo e grave jornalista pede aos três profetas um prognóstico para 2015. Um deles então sentencia: inflação alta, desajuste fiscal e desequilíbrio no balanço das contas públicas. Até lá, acreditam eles, o governo continuará empurrando com a barriga a doença, já que só pensa em se reeleger. Afinal, os milhões de desempregados que o remédio a tomar certamente criará, esses milhões de pessoas são muito imediatistas, querem manter seus empregos e ficarão muito chateados com a Dilma se os perderem. Essa massa ignóbil não consegue pensar que, para o bem da nossa economia, é preciso que eles fiquem desempregados por alguns anos. Gente estúpida!

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Iniciativa Global pelas Crianças Fora da Escola

Documento publicado pela UNICEF em 2012 (clique aqui) apresenta um diagnóstico sobre as causas da exclusão educacional e da evasão escolar entre crianças e adolescentes brasileiros. Uma delas é a situação de pobreza das famílias que se vêem obrigadas a colocar as crianças para trabalhar em casa ou fora de casa. Dados do PNAD de 2009 apontam para um contingente de 4,3 milhões de crianças entre 5 e 17 anos que trabalham no Brasil. Outra causa é a dificuldade de acesso às escolas, por parte de professores e estudantes, sobretudo no Norte e Nordeste. Já dentro das próprias escolas, as principais dificuldades são: currículos desinteressantes para os estudantes; professores despreparados e desmotivados; infraestrutura precária.
Em 2009, tínhamos cerca de 530.000 crianças entre 7 e 14 anos fora da escola. O que foi feito dessas crianças desde então? Qual a situação delas hoje, em 2013? Elas já perderam a oportunidade de obter a formação básica na idade certa, mas conseguiram ao menos começar a correr contra o prejuízo?
O quadro é ainda mais grave com as crianças entre 4 e 6 anos, que deveriam estar iniciando o processo de alfabetização. São mais de 1 milhão delas fora da escola em todo o Brasil. Em número absolutos, a maioria se encontra no Sudeste e no Nordeste.

Anuário Brasileiro da Educação Básica

Movimento Todos pela Educação publicou o Anuário Brasileiro da Educação Básica, texto contendo várias informações e análises sobre a situação atual da educação básica brasileira. Na organização das informações e análises, o Anuário seguiu a divisão utilizada no novo PNE (ainda em tramitação no Senado?) de 20 metas para a educação.
Anuário Brasileiro da Educação Básica

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Mais uma vez a questão do petróleo

Texto sobre a importância de se ter refinarias. Cheio de gráficos informativos. Vale a pena dar uma olhada.

O núcleo do sistema financeiro

Não sei se já postei aqui esse artigo, mas por via das dúvidas o faço agora.
Se o poder econômico se tornou extremamente concentrado e transnacional, como os Estados vão lidar com isso?

sábado, 8 de junho de 2013

Sinais de novos tempos: a relação Brasil - EUA

Mauro Santayna, no artigo abaixo replicado do blog Viomundo, reflete sobre o significado da recente visita do Vice-Presidente norte-americano ao Brasil e a retribuição da visita agendada de Dilma, que será recebida com honras especiais de Estado pelo presidente Barack Obama. Segundo Santayna, o Brasil consolidou posições econômicas e militares na América Latina que exigirão de nós uma relação diplomática construída em novos termos com os EUA.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

A mídia agourenta

Reproduzo abaixo texto do Edu Guimarães (blog da Cidadania) de refrescante otimismo, em meio ao noticiário cotidiano agourento sobre o Brasil. O autor responsabiliza os barões da mídia por a taxa de investimento no Brasil não ser ainda tão vultosa quanto poderia já ser. Obviamente, tu não verás os jornalistas da Globo, Folha, Estadão, etc., em público apontado para os seus patrões como culpados. Antes verás no noticiário impresso e televisivo o que todos já vemos há algum tempo: que a culpa disso é do próprio governo, que não foi capaz de fazer as "reformas estruturais" (clichê repetido ad nauseam pelos jornalistas e especialistas com quem eles costumam bater bola), que não estabelece regras claras e estáveis para os investidores,que é leniente com a inflação, que quer controlar o câmbio artificialmente, etc.


Brasil potência militar?

Essa é pelo menos a aposta do autor do artigo abaixo, em espanhol. Prognóstico que me parece muito otimista, a julgar pelos dados utilizados como evidências pelo próprio autor. O único investimento de vulto feito pelo Brasil recentemente no seu sistema de defesa é a parceria com a França para a construção de submarinos de propulsão nuclear. Mesmo assim, esses submarinos só estarão prontos em 2020, na melhor das hipóteses. De resto, o texto ressalta os fatores que deverão ensejar o desenvolvimento militar brasileiro: sua enorme fronteira seca, sobretudo na Amazônia, cheia de água doce e biodiversidade a crescer os olhos dos países desenvolvidos, e, agora, sua cobiçada fronteira marítima, apinhada de ricos poços de petróleo pretinho e brilhante; além disso, os próximos eventos internacionais da Copa do Mundo e das Olimpíadas; por fim, a esperança do Brasil de um dia integrar o Conselho de Segurança da ONU e tornar-se um ator de destaque no cenário internacional. Por certo, essas são razões de sobra para qualquer governo fazer do investimento militar uma política de Estado importante. Porém, ter boas razões e motivações para se fazer algo não é suficiente. O Brasil ainda tem uma longa estrada a percorrer nesse assunto, sobretudo quando se compara a situação atual das Forças Armadas brasileiras com o aparato militar de países como os EUA, a França e a Inglaterra.

Câmbio: beco sem saída para o Brasil?

No texto que ora replico Nassif tenta explicar sem muito economês a armadilha cambial na qual o Brasil está preso. Será interessante voltar a esse texto mais perto do final do ano, para ver se o governo adotou alguma estratégia para sair desse imbróglio e se foi bem sucedido nisso.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Brasil: o doloroso despertar do gigante

Interessante avaliação sobre as dificuldades atuais do Brasil em conciliar o crescimento econômico e a distribuição de renda. De um lado, uma elite política e econômica que comanda as instituições e as decisões políticas, parasitária da bagunça tributária e da ineficiência dos serviços públicos. Do outro lado, uma grande maioria de famílias pobres que começam a ter acesso a bens de consumo menos primários graças aos seguidos ganhos de renda dos últimos anos. No meio disso tudo, uma classe média que recebe boa parte da carga tributária brasileira e que não teria atualmente as condições estruturais necessárias para se desenvolver com base na livre iniciativa privada. Eis o cenário apresentado pelo autor do texto abaixo.
Há, porém, uma ausência eloquente no texto: a importância do estímulo à pesquisa científica integrada com a inovação tecnológica para elevar o patamar de desenvolvimento do Brasil. O autor fala da educação básica e do saneamento básico como os investimentos públicos mais eficazes para o aumento da qualidade de vida, já que oferecem uma boa relação custo/benefício. O mesmo vale, segundo ele, para o programa Bolsa Família. Sem elevar muito os gastos do governo, esses investimentos contribuiriam para destravar o nosso desenvolvimento.

Desempenho da Indústria Brasileira no primeiro trimestre de 2013 quase surpreende

Bom texto a reler no final do ano, para comparar o prognóstico de agora com o resultado efetivo. Ele não contém reflexões sobre as causas desse desempenho, nem previsões mais detalhadas sobre o que acontecerá daqui para a frente. Por isso, valerá a pena também reler no final do ano o texto que reproduzirei no post a seguir.

sábado, 1 de junho de 2013

Negociando com nossos irmãos

O esforço para consolidar a integração econômica dos países da América Latina parece mais próximo de mostrar resultados. As dificuldades ainda são grandes e basicamente as mesmas: baixa integração da infra-estrutura entre os países da região, discrepâncias tributárias e entre os níveis de desenvolvimento econômico. Vejamos o quanto uma nova arquitetura financeira regional, como a que está se esboçando neste momento, segundo o autor do artigo abaixo, poderá ajudar na superação das dificuldades históricas de integração econômica.
Impressionante como países com histórias tão semelhantes sob vários aspectos tenham tanta dificuldade de se reconhecerem como irmãos. Na verdade, creio que isso se aplica sobretudo ao Brasil na sua relação com os vizinhos. Parece haver muito maior integração entre os países andinos, por exemplo, ou entre a Argentina e o Uruguai. Mas demora para um país continental conseguir girar o rosto do litoral para o interior.